segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Endividamento das famílias portuguesas durante o COVID-19

         No dia dois de março, foram confirmados os dois primeiros casos de COVID-19 em Portugal, dando assim início à crise pandémica que acarretou uma crise económica para as famílias portuguesas. Com os inúmeros surtos de Covid que iam aparecendo, tanto em empresas, como lares, escolas, universidades, hospitais, etc., e com os casos a aumentar, o governo português foi obrigado a restringir ao mínimo possível a saída dos portugueses das suas habitações, numa tentativa de combater a crise sanitária. 

Uma das primeiras medidas tomadas foi o encerramento dos estabelecimentos de ensino ou dos equipamentos sociais de apoio à primeira infância ou à deficiência, o que tornou a vida de muitos agregados familiares complicada. Após isto, começaram a fechar empresas, tendo-se visto algumas obrigadas a mandar os seus colaboradores para lay-off. Como consequência, inúmeras famílias tiveram uma perda nos seus rendimentos, tendo sido obrigadas a recorrer a moratórias e empréstimos.

Houve setores mais afetados que outros, como, por exemplo, os restaurantes, bares, discotecas, etc. Contudo, a construção civil foi um exemplo de uma área que se manteve sempre ativa.

Assim como foi demonstrado, houve famílias que mantiveram os seus rendimentos, e tendo em conta que os estabelecimentos de diversão e restaurantes se encontravam encerrados, algumas famílias conseguiram, apesar de toda a situação, aumentar as suas poupanças. Por outro lado, as restantes, que ficaram sem emprego e com rendimentos reduzidos, viram a sua situação financeira a colapsar, deixando de conseguir dar saída às despesas.

Com base nas estatísticas do balanço das instituições financeiras monetárias foram apurados os valores que se reportam de seguida. No final do ano de 2020, 1,8% do total de stock de empréstimos que os bancos concederam aos particulares estavam em incumprimento, um valor inferior ao que foi registado em dezembro de 2019 (2,1%). Verificou-se que o incumprimento dos empréstimos foi mais acentuado na área do consumo do que nos empréstimos da habitação, que apresentam rácios de incumprimento de 6,3% e 0,6%, respetivamente, no final de dezembro de 2020, onde um rácio de incumprimento de 1,8% significa que, em média, por cada 100 euros que os bancos emprestaram aos particulares, cerca de 1,80 euros não estavam a ser reembolsados de acordo com o contratualizado. 

Esta evolução de empréstimos em incumprimento pode ser analisada através do rácio de empréstimos vencidos, que mede o peso do stock de empréstimos vencidos no total de empréstimos concedidos pelo setor bancário aos particulares residentes em Portugal. 

 

          Contudo, com o desenvolvimento da vacina contra o COVID, e a fácil adesão dos portugueses na sua toma, foi possível para a economia portuguesa e mundial ver uma “luz ao fundo do túnel”. Tendo em conta que 86,82% da população portuguesa já foi vacinada, e com o levantamento das restrições impostas pelo governo português, foi possível para quase todos os setores na economia voltarem ao ativo.

 


Joana Pedra Gonçalves

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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