Na visão portuguesa, o sucesso da CPLP(Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) é proveniente da existência de planos, estratégias e ações com vista a atingir metas conjuntas. É um dos objetivos da sua política externa e pode ajudar a perceber qual a posição de Portugal no mundo e no Sistema Internacional.
Uma política externa de
sucesso procura um aumento da projeção estratégica e do exercício da
influência, sendo resultado da mistura de uma boa capacidade do país se
relacionar no panorama internacional, não só com países mas também com
organizações, e de conseguir ser superior na questão de aproveitar as
oportunidades, que podem ser mais ou menos, dependendo da aptidão
político-diplomática e negocial.
Para ser possível uma
maior participação internacional portuguesa, é necessária uma maior formação
dos recursos humanos, nos vários setores da interação externa e, também, a
união nacional relativamente aos assuntos da agenda externa e da defesa
nacional, refletida na firmeza e harmonia na tomada de decisões das
instituições e do governo. A valorização dos seus parceiros dará maior força a
Portugal, que se fará sentir numa maior integração internacional, nos domínios
da representação e da negociação, sendo importante tratarmos da nossa imagem
para o exterior e cuidar da imagem interna da mesma forma.
A defesa dos interesses
portugueses prende-se, a nível internacional, com a procura da inserção num
Sistema Internacional cada vez mais globalizado e com a procura de expandir o
seu poder patente nas ligações culturais, históricas e linguísticas, para além
das suas fronteiras, com os seus parceiros a nível internacional.
Tendo em conta a pouca
força da economia portuguesa e a crescente influência nos caminhos a seguir
pela organização de países como Angola e Brasil, é requerido a Portugal que se
adapte de forma a não perder a sua importância dentro da mesma, sendo
necessária a tentativa do governo português de continuar a dar atenção à
cooperação, procurar ganhar peso no panorama internacional, tentando, desta
forma, revelar-se como um ator relevante na Comunidade.
Portugal poderia
beneficiar de uma aliança mais comprometida com o Brasil, procurando
reaproximar o país da CPLP e demonstrando-lhe quais as vantagens que pode
retirar daí, ao nível da cooperação político-diplomática e económica. Deve
apoiar também as intenções brasileiras fora da CPLP, tentando ajudar à nomeação
do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que seria um
passo enorme no sentido de elevar a Comunidade a um patamar nunca antes atingido.
Portugal já iniciou esse processo de aproximação com a assinatura do Tratado de
Consulta, Cooperação e Amizade, em 2000, resultando no crescimento no que toca
às relações bilaterais entre estes dois países, particularmente, a nível económico,
tornando o Brasil num dos principais locais de proveniência de produtos
importados por Portugal.
Como foi dito, o
comprometimento da política externa portuguesa no desenvolvimento das suas
relações com os países com quem partilha ligações linguísticas, históricas e
culturais, tem como interesse próprio uma maior afirmação e projeção
internacional rápida e duradoura. Um outro fator para isso poderia basear-se
numa maior inserção económica da CPLP, através de uma maior liberalização do
comércio entre membros e a livre circulação de pessoas, à semelhança do que
Portugal acordou no espaço Schengen, conferindo-lhe capacidade para liderar
algo semelhante na comunidade lusófona. Outra forma de projeção da sua política
externa seria o governo procurar fazer uso da sua relação próxima com as
regiões onde existam comunidades lusófonas, tornando-se um importante elo de
ligação entre a União Europeia, África e o Brasil.
Tendo isto dito, Portugal
necessitará de mostrar a esses países, mesmo com todas as feridas que da guerra
colonial advieram, que, com o concretizar das suas políticas externas, através
da cooperação, todos os envolvidos sairiam beneficiados.
Diogo
Martins
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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