No seguimento da realização dos eventos de Moto GP e Formula 1 em Portugal, impõe-se uma reflexão: que vantagens poderão advir para o país que acolhe eventos internacionais, sejam eles de cariz desportivo, cultural ou empresarial? Qualquer acontecimento a esta escala representa um desafio, muito trabalho e muitos custos. Será que o retorno, do ponto de vista económico, compensará o investimento? O acolhimento deste tipo de eventos é extremamente disputado internacionalmente, pelo que se poderá concluir que os benefícios compensarão os custos. Analisar-se-ão, então, dois desses eventos realizados recentemente em Portugal.
No passado dia 25 de
outubro, Portugal acolheu no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão,
uma prova do mundial de Fórmula 1. O impacte deste evento é de tal maneira
considerável que será fundamental que se possa garantir a continuidade deste no
futuro, uma vez que, para além do fluxo turístico gerado, a cobertura feita
pelos meios de comunicação social internacionais projeta Portugal enquanto
destino turístico e palco de grandes eventos, dado que se trata de um evento
tão mediático que atinge uma audiência de 471 milhões de pessoas, em 200
países.
Neste sentido, é
importante que o Estado apoie a organização deste evento, uma vez que é exigida
uma quantia de cerca de 30 milhões de euros para a realização do mesmo. Esta
quantia poderá ser vista como um investimento porque, segundo diversos estudos,
o impacte económico local de um evento deste género rondará os 100 milhões de
euros, contabilizando os valores gerados em, por exemplo, bilheteira, alojamento,
restauração e comércio. A longo prazo, o que um Grande Prémio de Fórmula 1 traz
como retorno vai para além do impacte financeiro, pois este prestigia o país e
promove a cultura portuguesa.
Um
outro evento internacional que tem como palco Portugal é a Web Summit. Este evento é também ele exemplificativo de que é
preciso assumir alguns riscos no investimento para que, no futuro, se possam
retirar benefícios.
O
investimento feito em 2018 para manter a Web
Summit na capital portuguesa até 2028 remonta aos 110 milhões de euros,
isto é, 11 milhões por ano. No entanto, o primeiro ministro, António Costa, considera
muito importante Lisboa conseguir a realização da Web Summit porque esta significa “muito mais do que os 30 milhões
de euros angariados em receita fiscal direta. Passa a imagem de que Portugal
consegue atrair empresas tecnológicas para criar emprego com melhores salários”.
Por
seu lado, Miguel Fontes, CEO da Startup
Lisboa, referiu ao Jornal Económico que o impacte da feira tecnológica na
criação de emprego é uma realidade efetiva, pois esta, desde que se fixou em
Portugal, “ajudou a escalar o país e permitiu que Lisboa entrasse num universo
de excelência para acolher grandes projetos internacionais que trazem empregos
qualificados, bem pagos e que geram valor para o país”, acrescentando que a mesma
“é importante pela visibilidade que dá ao país e à cidade de Lisboa”.
Conclui-se,
assim, que a realização deste evento é fundamental para conectar Portugal com o
mundo e para dinamizar a economia internacionalmente, deixando de parte a ideia
de que Portugal é um país periférico, que fica alheado dos acontecimentos
internacionais de maior importância.
Espera-se então que haja visão
económica para assegurar a dinamização de grandes eventos internacionais em
Portugal, como o Grande Prémio de Fórmula 1 e a Web Summit, uma vez que estes eventos, e outros similares, abrirão
oportunidade para que, de futuro, se generalize este tipo de eventos em
Portugal. Só projetando o que de melhor temos é que garantiremos a notoriedade
suficiente para não sermos esquecidos do círculo internacional e para nos afirmarmos
a nível económico.
Daniel
Sá
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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