Foi nos anos 60 que os primeiros portugueses fizeram as malas e rumaram em direção ao Grão-Ducado do Luxemburgo. Na primeira vaga, muitos fugiam da ditadura e procuravam uma vida melhor. Ainda é contestado o que mudou, qual a proporção de portugueses que continuam por terras luxemburguesas e qual o motivo. Será que a permanência no país continua a ser favorável?
Em 1960, os primeiros portugueses emigraram para o Luxemburgo à procura
de melhores condições e de um futuro melhor do que aquele que a ditadura de
Salazar lhes oferecia. Rapidamente, começaram a chegar cada vez mais lusitanos
a terras luxemburguesas. Foi então que em 1970 os governos português e
luxemburguês assinaram um acordo que permitia a emigração legal de portugueses
para o Luxemburgo, para estes trabalharem no setor da construção.
Apressadamente, a proporção de portugueses aumentou. Se em 1969 havia
2.757 portugueses no país, em 1970 o número ultrapassava os 11 mil. Em 1973, já
se contavam 24.437 portugueses no Luxemburgo. Desde então este número continuou
a aumentar.
Atualmente, é a maior comunidade de estrangeiros do país. Dos 626.108
residentes em janeiro de 2020, 95.057 tinham nacionalidade portuguesa, sendo
15,18% da população nacional luxemburguesa, segundo um relatório divulgado pelo
STATEC (Instituto Nacional de Estatísticas e de Estudos Económicos do
Grão-Ducado do Luxemburgo). O seguinte gráfico evidencia este acréscimo de
portugueses pelo país das terras vermelhas.
Gráfico: Evolução população estrangeira e portuguesa no Luxemburgo entre 1960 e 2013
Inicialmente, as pessoas emigravam com esperança de ter uma vida melhor,
menos preocupações financeiras e, consequentemente, melhor qualidade de vida. Os
homens iam trabalhar para a construção, as mulheres trabalhavam como empregadas
domésticas. Durante muitos anos era esta a realidade de quem chegava ao país
mas, com o avançar dos anos, os filhos dos emigrantes portugueses, nascidos no
Luxemburgo ou não, tiveram a oportunidade de frequentar o ensino obrigatório, o
que lhes permitiu integrar com mais facilidade o setor privado luxemburguês. No
entanto, o acesso ao setor público obriga a ter a nacionalidade luxemburguesa.
Nascer no Luxemburgo não quer dizer que se é cidadão luxemburguês. Existem entraves
e processos longos para obter a nacionalidade.
Porém, aqueles que chegaram ao Luxemburgo nos últimos anos e que ainda
não conseguiram obter um contrato estável, viram as suas vidas mais complicadas
com o início da pandemia. Centenas de famílias portuguesas viram-se obrigadas a
recorrer a associações de solidariedade para não passarem fome após terem
perdido o emprego, apesar da maioria recusar regressar a Portugal, de onde já
partiram pobres. No final do 3° trimestre de 2020, já foi possível
quantificar os efeitos da pandemia: 30% da população em risco de viver abaixo
do limite da pobreza são portugueses.
No Luxemburgo, para se viver acima do limite da pobreza, o rendimento
mensal tem de ser superior a 1.804 euros, sendo que este valor é superior ao
salário mínimo líquido. Os jovens sozinhos ou as famílias monoparentais são os mais
expostos. Hoje, encontram no estado luxemburguês um suporte. No entanto, com o
avançar da pandemia, o suporte tem sido reduzido. O embaixador de Portugal no
Luxemburgo, António Gamito, diz que o melhor que têm a fazer é regressar a
Portugal para, no mínimo, puderem viver com dignidade. Segundo ele, a situação
só irá piorar no futuro próximo.
Na minha opinião, esta é uma altura difícil para todos. Não importa em
que país vivemos, os emigrantes têm dificuldades por não conhecerem o país, não
saberem onde podem pedir ajudas.
A capacidade de resposta de cada país torna-se limitada com o avançar da
pandemia. Mesmo o Grão-Ducado sendo uma economia bastante estável, tem as suas
fragilidades.
As pessoas
têm de ter consciência e perceber que os países e as suas embaixadas estão a
fazer o melhor que podem para ajudar cada indivíduo de maneira a não terem de recomeçar
novamente do zero.
Olívia Coelho
Fontes:
https://eco.sapo.pt/2020/11/01/pobreza-ameaca-portugueses-no-luxemburgo/
Gráfico: http://observatorioemigracao.pt/np4/4337.html
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