Atualmente,
verificam-se diversos acontecimentos que têm vindo a abalar o crescimento da
economia portuguesa. Um dos fenómenos que, nas últimas décadas, tem provocado
uma maior preocupação na nossa sociedade é o envelhecimento da população.
É
do conhecimento geral que, ao longo destes anos, e principalmente nos países
desenvolvidos, a população está a envelhecer progressivamente. Assim, pela
análise das pirâmides etárias relativas à população portuguesa, é possível comprovar
esta transformação que tem vindo a ocorrer. Inicialmente, as pirâmides etárias tendiam
a ter uma forma triangular, uma vez que a população jovem superava a população
idosa em termos de número. Porém, ao longo dos anos, estas têm sofrido
grandes alterações, verificando-se a ocorrência do fenómeno da “inversão” da
pirâmide. Por um lado, temos uma contração da base da pirâmide, o que nos leva
a concluir que existe uma grande diminuição da população jovem em Portugal.
Esta diminuição é o resultado da minoração da taxa de natalidade que tem ocorrido
nos últimos anos. Por outro lado, comprova-se um alargamento do topo da
pirâmide, o que significa que a população idosa está a aumentar de forma
desmesurada, resultado proveniente do aumento da esperança média de vida.
O
índice de envelhecimento (número de pessoas com 65 e mais anos por cada 100
pessoas menores de 15 anos) ou o índice de dependência de idosos (número de
pessoas com 65 e mais anos por cada 100 pessoas em idade ativa, isto é, com 15
a 64 anos) evidenciam um envelhecimento generalizado da população portuguesa.
Os dados oficiais demonstram que, desde 2006 a 2019, observou-se um aumento do
índice de envelhecimento de 110,4% para 161,3%, o que significa que existem mais
idosos do que jovens na população estudada. Por sua vez, verificou-se também um
aumento do índice de dependência de idosos, passando de 26,1% para 34,2%, o que
traduz a existência de mais pessoas em idade ativa do que pessoas idosas. No que diz respeito à Europa, Portugal é o
terceiro país da União Europeia com o maior rácio de idosos para jovens, no
valor de 157,4%, estando acima da média da União Europeia (132,3%).
Fonte: Pordata
Se
estas tendências persistirem, as Nações Unidas estimam que o número de idosos,
com 60 anos ou mais, duplique até 2050, e poderá triplicar até 2100.
O
envelhecimento da população é, portanto, um fator bastante preocupante para
todos os países devido às diversas consequências que dele advém. Por
conseguinte, tem contribuído para pôr em causa a sustentabilidade do sistema
nacional de segurança social, os progressos na área da saúde e o crescimento
económico.
Em
termos económicos, uma das questões mais alarmantes é relativamente à
sustentabilidade do sistema nacional de segurança social. Tal como já foi
referido previamente, constata-se um aumento progressivo da população idosa e
uma diminuição da população jovem, o que agrava toda esta situação. Se existem
cada vez mais idosos e se estes vivem cada vez mais, então maior será a
necessidade de recorrer a meios, por parte deste mesmo sistema, para pagar as
reformas à população já aposentada. Não obstante, este facto é agravado pelo
declínio da taxa de natalidade e da taxa de fertilidade, o que consequentemente
origina uma diminuição da população jovem, mais concretamente, da população
ativa. Este decréscimo fará com que os contributos para a segurança social
também se reduzam e, como resultado, assista-se ao declínio das receitas do
Estado. O fenómeno do envelhecimento da população levará a que o sistema de
segurança social entre em rutura. Uma outra consequência é o aumento
da despesa pública, em particular, com os cuidados de saúde visto que há um
maior número de pessoas idosas e, sendo estas mais débeis, é necessária mais
atenção médica o que, por sua vez, tal origina mais despesas.
Na minha
opinião e tendo em conta todos os factos documentados, o assunto abordado é bastante
grave para todos os países abrangidos por este problema e, por isso, é
necessário agir de forma célere visto que as soluções para combater este
fenómeno são imprescindíveis. Uma solução poderia passar por aplicar políticas
que incentivassem o aumento da taxa de natalidade como, por exemplo, a
diminuição do IRS consoante o número de filhos, subsídios à natalidade,
comparticipações nos primeiros anos de idade dos filhos, entre outros. Uma
outra solução seria criar melhores condições de emprego e, de certa forma, de
vida, para evitar que os jovens portugueses emigrem e, por consequência, atrair
imigrantes.
Ana
Inês Jorge Gonçalves
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário