segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Evolução do ´Fintech`: deverão os bancos preocupar-se?

          O tema que pretendo analisar é o fintech e os seus impactes no sistema financeiro. Fintech, abreviação de Financial Technology é o uso inovador de tecnologia no planeamento e oferta de serviços financeiros.

A evolução do nosso acesso à tecnologia tem sido alucinante e cada vez não temos só mais acesso como também mais facilidade de acesso. Por exemplo, analisemos a evolução dos telemóveis e smartphones, que representam o principal meio de consumo de tecnologia. Em 1990, apenas 0,2% da população possuía um telemóvel, enquanto que nos dias de hoje praticamente todos nós temos um (e por vezes mais do que um) telemóvel, ou seja este “instrumento” chamado telemóvel passou de uma adoção nula a quase 100% em menos de 3 décadas.

Parece uma adoção bastante rápida, certo? A verdade é que a adoção do fintech tem sido ainda muito mais rápida e este crescimento está a transformar o sistema bancário como o conhecemos nos dias de hoje. Coisas como inteligência artificial, bases de dados, empréstimos diretos entre pessoas, pagamentos digitais e aconselhamento através de robôs… são apenas alguns conceitos e vantagens que o fintech possibilita.

Surge então a questão: deverão os bancos se preocuparem com esta revolução tecnológica nos setores financeiros e bancários? Na minha opinião, sim. No entanto, esta preocupação poderá e deverá ser canalizada para o aproveitamento destas oportunidades que com o fintech surgem. 

Façamos aqui uma pequena retrospetiva de forma a perceber o porquê de estarem a surgir apenas agora estas empresas tecnológicas de Fintech. Durante o decorrer dos anos e enquanto a tecnologia evoluía, a indústria bancária era bastante boa a integrar as novas tecnologias e a sua evolução, de forma a conseguir servir melhor os seus consumidores. No entanto, tudo isto mudou com a crise financeira de 2008. Durante esta crise os bancos estavam tão ocupados em lidar com as novas regras, requerimentos, multas e tantas outras implicações da crise que a inovação passou para as últimas das suas prioridades. No entanto, ao mesmo tempo que os bancos estavam tão atarefados com estes assuntos, surgiam tecnologias completamente inovadoras e que vieram ter um impacto enorme no nosso quotidiano e na forma como vivemos, e isto levou a que se criasse uma grande diferença entre o que os bancos nos ofereciam e o que nós (consumidores) expectamos. É nesta diferença que a indústria Fintech tenta atuar.

Bill Gates, já em 1997, afirmou o seguinte: “We need banking.  We don’t need banks anymore”, afirmação esta que na altura foi muito criticada e poucos foram os que acreditaram nela. Porém, a verdade é que esta afirmação faz cada vez mais sentido nos dias de hoje.

No meu ponto de vista, acredito que Bill Gates foi um pouco excessivo na sua afirmação. Acredito, sinceramente, que os bancos continuarão a existir e a serem importantes, uma vez que estes não só já começaram a tentar melhorar as suas experiências utilizando a tecnologia como, também, realizam todo o trabalho burocrático que as empresas de Fintech não têm interesse em realizar por se tratar de um trabalho pouco lucrativo.

Mesmo com a pandemia, este setor do fintech cresceu e uma justificação para isso, segundo a Associação Portugal Fintech, são as parcerias de sucesso entre “Fintechs” e Instituições Financeiras (bancos etc.), como, por exemplo, as parcerias entre a Visa e a Settoo ou o Millennium BCP e a Visor.ai. Ou seja, estas parcerias vão muito ao encontro da minha opinião sobre este tema.

Acredito sinceramente que se os bancos não se preocuparem e não procurarem acompanhar esta evolução muitos vão desaparecer. Mas acredito, ainda mais, que estes deverão aproveitar este momento para realizarem este tipo de parcerias que se especulam de enorme sucesso nos dias de hoje. A inovação é uma constante na nossa vida e todos temos de estar preparados para a adotar, seja de uma perspetiva pessoal ou institucional, como é o caso.

 

Eduardo José Pinto Gonçalves

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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