O Turismo no Espaço Rural
(TER) define-se como o turismo situado em espaços rurais, ou seja, em zonas
intimamente ligadas à agricultura, ao ambiente e à tradição (isto é, que
conservam as caraterísticas primordiais, os valores, modos de vida e de
pensamento das comunidades rurais). Este tipo de atividade engloba as Casas de
Campo, o Turismo de Aldeia, o Agroturismo e os Hotéis Rurais.
O turismo rural
apresenta-se como um importante meio de desenvolvimento das economias e apresenta
inúmeras vantagens, desde que seja praticado de forma sustentável, quer a nível
económico, quer a nível ambiental. Em Portugal, o turismo constitui um cluster
estratégico na medida em que contribui para o desenvolvimento económico e
social de algumas regiões.
O TER representa uma
solução para resolver as crises que afetam as áreas rurais, nomeadamente
através do desenvolvimento endógeno, isto é, a possibilidade de ser o próprio
meio rural a iniciar o seu processo de desenvolvimento baseando-se nos
conhecimentos das empresas regionais e dos habitantes. Este tipo de turismo promove
a conservação do ambiente, a reabilitação do património e o aumento do emprego
nas zonas rurais.
Em Portugal, observa-se um incremento na procura pelo TER e, desde 2014, constata-se um aumento contínuo e notável, como é possível verificar pelo gráfico abaixo descrito. Em 2014, contabilizaram-se 855726 dormidas e, em 2019, esse valor ascendia a 1964775. Deste modo, verifica-se uma variação positiva de 1109049 dormidas em apenas 5 anos.
Mais ainda, observa-se que, em 2019, há mais gente a recorrer ao turismo rural em Portugal Continental do que nas ilhas e que as Casas de Campos são o tipo de estabelecimento de TER com taxas de ocupação maiores.
Fonte/Entidades: INE
De forma a acompanhar a
crescente procura, verifica-se que tanto o número de estabelecimentos como o
número de quartos por estabelecimento têm vindo a aumentar, principalmente
desde 2014. Em 2014, o número de quartos nos
estabelecimentos indicados era 6511 e, em 2019, perfez um total de 11992.
De acordo com os dados do
Instituto Nacional de Estatística, a percentagem de dormidas nos
estabelecimentos de TER, em 2008, para o Continente, correspondia a 29,4%, para
a Região Autónoma dos Açores, a 41,7%, e para a Região Autónoma da Madeira, a 6,4%
do valor total das dormidas. Já em 2019, para o Continente, para a Região
Autónoma dos Açores e para a Região Autónoma da Madeira esse valor era de 87,4%,
86,3% e 94,9%, respetivamente. Ou seja, observa-se um crescimento das dormidas
em contexto de turismo rural principalmente nas regiões autónomas.
Fonte/Entidades: INE
No que concerne à
nacionalidade dos turistas que optam pelo turismo em espaço rural, em 2003, 55,1%
eram estrangeiros, sobretudo vindos do Reino Unido, França, Alemanha, Espanha e
Holanda (correspondendo a 75% das dormidas de estrangeiros).
Todavia, o setor do
turismo sofre do problema da sazonalidade, isto é, há muita procura em certos
períodos do ano e nos restantes meses a procura é bastante reduzida. Dados de
2003, mostram que o TER não é exceção e entre julho e setembro há muita procura
(as taxas de ocupação estão acima dos 20%) e em janeiro, fevereiro, novembro e
dezembro a taxa de ocupação corresponde a menos de 10%. Como podemos confirmar pelo
gráfico abaixo, em 2019, era essa a situação.
Fonte/Entidades: INE/Turismo de Portugal
Assim, as empresas colocam em prática planos de poupança com os rendimentos do verão para depois, no inverno, conseguirem fazer face às despesas.
Com a COVID-19, o setor do
turismo assistiu a uma mudança de paradigma: segundo o presidente do turismo do
Porto e do Norte de Portugal, os turistas foram maioritariamente portugueses
(cerca de 80%) e preferiram o interior do país, sendo que o turismo rural passou
a ser o mais procurado. Todos os estabelecimentos foram obrigados a repensar as
estratégias de forma a cumprir com as medidas de segurança. Por exemplo, no
caso do TER a redução da capacidade oferecida rondou os 46,7%.
Concluindo, devem adotar-se
medidas que promovam o Turismo em Espaço Rural de modo a preservar o
património, a cultura, a tradição e a gastronomia. Do meu ponto de vista, as
soluções passam por: uma gestão descentralizada ou uma redução na dependência
financeira e material dos governos, já que a chave para o desenvolvimento
assenta na própria comunidade e na sua inovação; por um maior investimento por
parte, principalmente, da União Europeia e das autarquias locais; pelo
incremento das atividades de entretenimento, por parte dos estabelecimentos de
TER; e, por fim, por uma maior oferta pública e privada que permita uma maior
exploração do potencial deste tipo de mercado.
Em suma, o turismo rural constitui
um gerador de emprego e rendimento, mas é necessário o seu desenvolvimento
sustentável e que a sua promoção retire o maior benefício dos recursos
turísticos do território. É, ainda, fulcral que se preste atenção às
necessidades dos consumidores de forma a retirar o maior aproveitamento deste
tipo de mercado turístico.
Sofia Pereira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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