segunda-feira, 16 de novembro de 2020

O tema mais badalado do momento

 O desemprego em Portugal é dos temas que mais preocupam a população portuguesa neste momento. “Vou ficar sem emprego, não sei como pagar as contas”, “Vou ter de pedir ajuda a família e amigos para não perder as minhas coisas” ou até mesmo “Não tenho o que pôr em cima da mesa aos meus filhos”, são frases que ultimamente saíram da boca de mais portugueses  e que automaticamente nos remetem para a problemática da subida da taxa de desemprego fruto da pandemia.

A crise pandémica veio, sem dúvida alguma, contrariar aquilo que era a tendência de descida da taxa de desemprego portuguesa dos últimos anos (como podemos comprovar pelo gráfico abaixo, retirado do portal Statista).


Gráfico 1 - Taxa de desemprego em Portugal desde 1999 a 2020


O instituto do emprego e da formação profissional (IEFP) revelou que, “no final do mês de maio, o número de desempregados fixou-se em 408.934, mais 103.763 pessoas sem emprego (um aumento de 34%) do que no período homólogo”, sendo que a região onde mais pessoas perderam o emprego foi o Algarve. Isto deve-se fundamentalmente ao facto do setor do turismo ser o motor do Algarve e ao mesmo tempo ser um dos mais afetados pela pandemia. As únicas regiões portugueses onde o número de desempregados diminuiu foram o Alentejo e os Açores. É ainda de referir que todas os apoios sociais que vigoraram (alguns ainda vigoram), como as moratórias, o lay-off simplificado e os complementos vieram ajudar a que a taxa de desemprego não subisse ainda mais.

Pode ainda notar-se que 88% da população que está registada nos centros de emprego são jovens com idades inferiores a 25 anos. Uma das razões que explica isto é o facto de, quando as empresas têm de despedir, normalmente os funcionários mais antigos e com mais anos de experiência mantêm-se e aqueles que ficam sem emprego são os mais recentes e que, à partida, têm menos experiência de trabalho.

Em meados de outubro, o FMI estimou que a taxa de desemprego portuguesa deveria ficar-se pelos 8,1% em 2020 e que em 2021 baixará para os 7,7%. Já o Governo Potuguês foi um pouco mais pessimista e revelou que as suas estimativas seriam de uma taxa de desemprego de 8,7% este ano e de 8,2% para o ano que vem. Já a NOVA Information Management School (NOVA IMS), da Universidade Nova de Lisboa, assume que, segundo as estimativas de um estudo realizado, Portugal poderá encerrar o ano de 2020 com uma taxa de desemprego que rondará os 10,2%.

O que é certo é que, de facto, a taxa de desemprego subirá este ano e que muitas famílias já se encontram neste momento a passar dificuldades económicas pois ficaram sem os seus empregos. É de notar que a classe trabalhadora mais afetada é aquela com menos estudos e que tem associados empregos precários e salários muito próximos do salário mínimo nacional. O que nos leva a constatar que serão pessoas que já teriam uma condição económica frágil e que, atualmente, estarão pior as que tenderão a ser mais afetadas. Podemos ainda dizer que a automação industrial e o desenvolvimento tecnológico vieram agravar os números do desemprego pois as empresas vêm-se obrigadas a despedir e trocar os seus funcionários por máquinas e assim poupar alguns custos associados à mão-de-obra humana.

Em jeito de conclusão, gostaria de salientar que a pandemia veio então subir os níveis de desemprego tanto em Portugal como na maioria dos países e que atravessamos neste momento uma crise bastante grave. Apesar disto, as consequências reais da pandemia poderão ser melhor descritas quando esta passar e conseguirmos olhar para trás com clareza e analisar com mais calma todos os dados e efeitos da mesma.

 

Bárbara Pontedeira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]

 

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