O desemprego em Portugal é dos temas que mais preocupam a população portuguesa neste momento. “Vou ficar sem emprego, não sei como pagar as contas”, “Vou ter de pedir ajuda a família e amigos para não perder as minhas coisas” ou até mesmo “Não tenho o que pôr em cima da mesa aos meus filhos”, são frases que ultimamente saíram da boca de mais portugueses e que automaticamente nos remetem para a problemática da subida da taxa de desemprego fruto da pandemia.
A crise pandémica veio,
sem dúvida alguma, contrariar aquilo que era a tendência de descida da taxa de
desemprego portuguesa dos últimos anos (como podemos comprovar pelo gráfico
abaixo, retirado do portal Statista).
Gráfico 1 - Taxa de
desemprego em Portugal desde 1999 a 2020
O instituto do emprego e
da formação profissional (IEFP) revelou que, “no final do mês de maio, o número
de desempregados fixou-se em 408.934, mais 103.763 pessoas sem emprego (um
aumento de 34%) do que no período homólogo”, sendo que a região onde mais
pessoas perderam o emprego foi o Algarve. Isto deve-se fundamentalmente ao
facto do setor do turismo ser o motor do Algarve e ao mesmo tempo ser um dos
mais afetados pela pandemia. As únicas regiões portugueses onde o número de
desempregados diminuiu foram o Alentejo e os Açores. É ainda de referir que
todas os apoios sociais que vigoraram (alguns ainda vigoram), como as
moratórias, o lay-off simplificado e
os complementos vieram ajudar a que a taxa de desemprego não subisse ainda
mais.
Pode ainda notar-se que
88% da população que está registada nos centros de emprego são jovens com
idades inferiores a 25 anos. Uma das razões que explica isto é o facto de,
quando as empresas têm de despedir, normalmente os funcionários mais antigos e
com mais anos de experiência mantêm-se e aqueles que ficam sem emprego são os
mais recentes e que, à partida, têm menos experiência de trabalho.
Em meados de outubro, o
FMI estimou que a taxa de desemprego portuguesa deveria ficar-se pelos 8,1% em
2020 e que em 2021 baixará para os 7,7%. Já o Governo Potuguês foi um pouco
mais pessimista e revelou que as suas estimativas seriam de uma taxa de
desemprego de 8,7% este ano e de 8,2% para o ano que vem. Já a NOVA Information Management School (NOVA
IMS), da Universidade Nova de Lisboa, assume que, segundo as estimativas de um
estudo realizado, Portugal poderá encerrar o ano de 2020 com uma taxa de
desemprego que rondará os 10,2%.
O que é certo é que, de
facto, a taxa de desemprego subirá este ano e que muitas famílias já se
encontram neste momento a passar dificuldades económicas pois ficaram sem os
seus empregos. É de notar que a classe trabalhadora mais afetada é aquela com
menos estudos e que tem associados empregos precários e salários muito próximos
do salário mínimo nacional. O que nos leva a constatar que serão pessoas que já
teriam uma condição económica frágil e que, atualmente, estarão pior as que
tenderão a ser mais afetadas. Podemos ainda dizer que a automação industrial e
o desenvolvimento tecnológico vieram agravar os números do desemprego pois as
empresas vêm-se obrigadas a despedir e trocar os seus funcionários por máquinas
e assim poupar alguns custos associados à mão-de-obra humana.
Em jeito de conclusão,
gostaria de salientar que a pandemia veio então subir os níveis de desemprego
tanto em Portugal como na maioria dos países e que atravessamos neste momento
uma crise bastante grave. Apesar disto, as consequências reais da pandemia
poderão ser melhor descritas quando esta passar e conseguirmos olhar para trás
com clareza e analisar com mais calma todos os dados e efeitos da mesma.
Bárbara
Pontedeira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]
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