Vivemos neste ano que corre uma época nunca antes vista,
causada pela pandemia da COVID-19 e esta reflete-se em todos os setores da
atividade económica. Com isto, a incerteza paira no ar. O que se sabe é que
muitas coisas não vão mais ser como antes e o setor imobiliário não será uma
exceção.
Antes de sermos assolados por este vírus, Portugal
encontrava-se no período do “boom” do setor imobiliário devido a diferentes
fatores, como os incentivos fiscais, ou os vistos GOLD. Este crescimento notou-se principalmente nas cidades
cosmopolitas, Lisboa e Porto, onde os preços e as rendas têm disparado ano após
ano. O investimento no setor imobiliário tem crescido de forma gradual desde o
ano de 2016 e essa tendência não parece mudar. Pelo que se vê, cada vez se aposta
mais neste setor.
No entanto, com a incerteza que se começou a sentir com a
pandemia, muito se especulou sobre a queda do mercado imobiliário mas, ao contrário
do que muitos pensavam, este continuou a subir e diversas análises mostram a
estabilidade deste mercado. Contudo, nota-se uma desaceleração natural do
processo.
O primeiro semestre de 2020, apesar de ter sido marcado por
muitas dúvidas no seio da população, continuou com um balanço positivo. Os
preços mantiveram-se numa trajetória ascendente e, segundo dados do INE, estes
aumentaram em 10,3% no primeiro trimestre e 7,8% no segundo trimestre. Esta
desaceleração no segundo trimestre deve-se ao facto de, em meados de março, ter
sido decretado o Estado de Emergência e grande parte da população ter entrado
em confinamento. Já no terceiro trimestre continuou a aumentar, desta vez em
1%, o que mostra, como falado em cima, a desaceleração natural do processo.
No que diz respeito ao número de casas vendidas, do primeiro
para o segundo trimestre de 2020, observou-se uma queda de 23,3%, tendo passado
de 43532 para 33398. Esta queda deve-se ao facto do mês de abril, período em que
vigorou o Estado de Emergência, ter tido uma grande contração. Com o país a
“desconfinar”, os meses de maio e junho já mostraram uma recuperação.
A pandemia veio diminuir a oferta e como a procura não teve
grandes variações, os preços continuam a subir, mas o mesmo não se poderá dizer
ao nível das transações. De facto, têm-se
observado menos negócios, já que se vende menos e só compra quem realmente
precisa. O COVID-19 não está a ter um grande impacte no setor imobiliário já
que este é um mercado lento, que só começa a sentir as maiores repercussões no
longo prazo.
João Assis Miranda
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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