O desemprego consiste no número de pessoas que estão à procura de
um emprego, pertencendo, portanto, à população ativa, mas que não se encontram a
trabalhar. Constituindo um dos principais problemas da atualidade económica e
um dos principais indicadores do seu estado, pode ter implicações em vários quadrantes
da sociedade e significar um padrão de vida reduzido e angústia para a maioria
das pessoas, afetando-as do modo mais direto.
Por norma, existe uma relação negativa entre variações na taxa de
crescimento da economia e variações na taxa de desemprego. O desemprego aumenta
durante as recessões e fraco crescimento económico (desemprego cíclico) e diminui
durante as expansões, mas é impossível que seja nulo, pois existe sempre o
desemprego natural. Nos EUA, a taxa de desemprego esteve por volta dos 10% no início
da última década (2010), uma altura que se seguiu à grave crise e recessão de
2007/2008, e em alturas de maior “alívio” pode atingir valores diminutos, mas
nunca passou para baixo da barreira dos 2,9% nos últimos 50 anos, pois muitos
trabalhadores entram e saem mensalmente dos seus empregos, passando pela
situação de emprego, desemprego e população inativa. Nestas situações de
estabilidade económica também é possível acrescentar que boa parte do
desemprego é de curta duração.
O desemprego durante a recessão é mais duro nos jovens e recém-graduados
do que na população com mais de 25 anos, que não o sente de forma tão acentuada.
Nos anos seguintes à recessão de 2007-2008, a taxa de desemprego, no geral, entre
os mais jovens e recém-licenciados, começou a crescer, ultrapassando, nessa
altura, os 15%. No entanto, a taxa de desemprego da população ativa com mais de
25 anos não passou dos 4,6%, ficando, assim, perto dos seus valores normais em
contextos de estabilidade económica, ainda que um pouco superior.
Olhando para Portugal, vemos que os máximos históricos da taxa de
desemprego foram registados em 2013 (16,4%), precisamente numa altura em que
Portugal
estava a tentar sair de uma grave crise económica e social e envolvido num
programa de resgate e de austeridade, causados pela crise das dívidas
soberanas, que foi motivada pela grave recessão de 2007/2008. Mais: nos anos
imediatamente anteriores a este máximo verificado em 2013, assistimos a um
profundo aumento da taxa de desemprego no nosso país (9,4% em 2009; 10,8 em
2010; 12,7% em 2011; e 15,5% em 2012). Posteriormente,
a taxa de desemprego vinha a diminuir até 2019, estando nos 6,5% no conjunto
desse ano, o que indica uma razoável expansão económica em Portugal, na europa
e no mundo durante a segunda parte da última década.
Tal não invalida que tivessemos já no inicio de 2020, mesmo antes
da pandemia Covid-19, a 5ª maior taxa de desemprego da Europa, o que pode ser
bastante preocupante. Paralelamente, o desemprego jovem (até aos 25 anos), em
Portugal, também atingiu o seu valor mais elevado em 2013 (38,1%), sendo que já
se verificava um aumento da sua taxa desde 2002 (o que comprova que sempre foi
difícil para os jovens arranjar trabalho em Portugal). Mas este passou a ser
mais acentuado no período entre 2008 e 2013.
Seguidamente, a taxa de desemprego jovem foi diminuindo até 2019,
passando a estar em 18,3%, o que, mesmo assim, apesar de indicar uma certa
recuperação económica, é basicamente o triplo do desemprego total dos grupos
etários e, a meu ver, é ainda elevado pois, para além de Portugal ocupar neste
indicador novamente a 5ª posição da Europa em janeiro de 2020, antes da grave
recessão 2007/2008 registavam-se valores menores mas também ainda elevados. Não
nos podemos esquecer que ao longo da segunda metade da década assistimos a um
encorajamento dos jovens portugueses para emigrarem pelo que esse facto pode
mexer com os valores deste indicador.
Na minha opinião, o emprego em Portugal depende muito do consumo e
investimento, pelo que um abrandamento da economia europeia e mundial e,
consequentemente, da portuguesa pode ter um certo impacte neste, uma vez que as
exportações portuguesas estão muito associadas ao turismo e a bens e
componentes que integram sistemas de produção integrada. Se existir um arrefecimento
das exportações, é normal que tenha impacte no emprego, fazendo com que a taxa
de desemprego possa
oscilar.
Manuel
Borges
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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