O euro é a moeda oficial utilizada
por 19 países da União Europeia. A sua circulação iniciou-se em 2002 e foi o
culminar de um longo percurso com mais de 40 anos. Ao euro confere-se a
posição de segunda moeda mais relevante no mundo e, atualmente, cerca de 74%
dos europeus são a favor da União Económica e Monetária Europeia e de uma
moeda única, o euro.
Foi em 2008 que uma crise económica e
financeira mundial irrompeu e se alastrou à Zona Euro, em que alguns países
europeus, como Portugal, Espanha, Chipre, Grécia e Irlanda, foram particularmente
afetados, sendo que alguns dele, até ao ano atual ainda estão em recuperação.
Desta forma, foram necessárias medidas para socorrer financeiramente estes
países e para fortalecer a governação e a resiliência da União Económica e
Monetária.
Em 2012, Mario Draghi, que era
presidente do Banco Central Europeu (doravante designado por BCE), anunciou que
esta instituição iria fazer o necessário para preservar o euro e, como tal,
introduziu uma panóplia de medidas com o objetivo de restabelecer a confiança
dos mercados e apoiar os países da Zona Euro sob pressão. Essas medidas de resposta
direta do BCE incluíam a disponibilização de liquidez aos bancos, a manutenção
de taxas de juro baixas, entre outras, como o programa de flexibilização
quantitativa, com o objetivo de dar apoio ao crescimento económico em toda a Zona
Euro e que colaborava para um regresso a taxas de inflação inferiores, próximas
de 2%. Consequentemente, esta ação decisiva por parte da União Europeia e dos
seus Estados-Membros voltou a colocar a Europa numa trajetória de crescimento e
prosperidade. Desta forma, o fim do euro foi um tema debatido durante a crise
económica e financeira de 2008, mas é discutido também atualmente devido à crise
sanitária COVID-19, que tem causado recessões e problemas económicos no mundo,
e com particular importância nas economias dos países pertencentes à Zona Euro.
Estas conjunturas advêm do
confinamento e de outras medidas implementadas para a contenção da pandemia
atual, causando uma pressão acrescida no euro, que se verificou com a depreciação
do mesmo face ao dólar. A propósito disto, várias figuras políticas notáveis e
não políticas intervieram com o objetivo de dar a sua opinião que, por sinal, têm
sido bastante divergentes.
Assim sendo, o Ministro das Finanças
francês considera que a Zona Euro está em risco devido à pandemia e recomendou
a criação de um Fundo de Retoma, com a colaboração de todos os estados-membros.
Bruno Le Maire acredita que, dadas as diferentes economias e as suas capacidades
de recuperação, “há o risco de países como a Alemanha ou a Holanda recuperarem
mais rapidamente – porque têm o financiamento nacional – enquanto outros países
que não têm as mesmas possibilidades ficam para trás, correndo-se o risco de se
criarem mais divergências e diferenças de desenvolvimento entre os 19 da moeda
única” e que essas divergências referidas por Le Maire poderiam levar ao fim da
Zona Euro.
Já a opinião do economista português
Ricardo Reis prende-se, com o facto de que, neste momento, o susto do fim do
euro é menor porque tem sido mais preocupante a pela possibilidade do fim da
União Europeia, que se veio a acentuar com o Brexit e, segundo a opinião
do economista português, se irá agravar caso a eleição de Marie Le Pen como
Primeira-Ministra francesa se concretize.
Concluindo, acredito que a crise
sanitária e as medidas necessárias para a sua contenção irão causar uma
acumulada pressão no euro, bem como nas economias dos países que tinham
recuperado recentemente da crise de 2008 e nas economias que ainda estavam em
recuperação dessa mesma crise. Desta forma, partilho da mesma opinião do
Ministro das Finanças francês de que é necessária uma resposta conjunta da
União Económica e Monetária, de forma a minimizar as consequências a
longo-prazo na Zona Euro e evitar o seu possível fim.
Um dos maiores problemas apontados à
moeda e à política monetária única deve-se à sua utilização generalizada, tornando-se
ineficaz dada a presença de economias bastantes díspares na Zona Euro. Dado o
contexto pandémico atual, a possibilidade da moeda e da política monetária
vingarem após todas as consequências desta crise sanitária será um grande
desafio a concretizar pelo BCE e pela Comissão Europeia, perante o qual só
podemos aguardar para ver.
Marta Navio dos Santos Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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