A crise financeira iniciada em 2007/2008 e que se prolongou nos anos seguintes com diferentes intensidades e caraterísticas nos distintos Estados da União Europeia expôs algumas fragilidades nas economias europeias e a necessidade de fazer frente aos vários impactos sentidos. Na sequência da crise, a Comissão Europeia desenvolveu um quadro de referência para as políticas europeias e nacionais com o propósito de promover o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.
A estratégia tem o nome de Europa 2020, e foram propostas cinco
metas mensuráveis nas áreas do emprego, investigação e inovação, alterações
climáticas e energia, educação e, por fim, combate à pobreza. Dentro das
medidas mencionadas, destaco o conjunto de esforços feitos para um crescimento
inteligente, com a finalidade de diminuir a proporção de alunos a abandonar a
escola precocemente para os 10%, e ainda para que pelo menos 40% da população
da nova geração tenha um diploma do ensino superior. Este desenvolvimento é de
extrema importância pois melhora a qualidade da educação, fortalece a
investigação e inovação, e a troca do conhecimento pela Europa.
Os dados fornecidos pela Comissão Europeia apresentam que um
quarto dos estudantes europeus tem fracas capacidades de leitura e que um em
cada sete jovens deixam os estudos e aprendizagem cedo demais. Para além disso,
menos do que uma em cada três pessoas com idades compreendidas entre os 30 e os
34 anos tem um diploma universitário, o que é consideravelmente inferior quando
comparado com os 50% registados na população Japonesa. Desta forma, foram
apresentadas iniciativas de planos de ação para melhorar as capacidades
inovadoras, os resultados educacionais e a qualidade das instituições, que
devem ser aplicadas a nível regional, nacional e de UE.
No quadro da definição de
metas para o Europa 2020, foi
analisada a performance de todos
estados membros da EU em 2008 e 2014, concluindo-se que ainda nenhum tinha
atingido os objetivos da estratégia
Europa 2020. No entanto, é sugerido que, em geral, os países registaram
grandes progressos no cumprimento das suas metas, com a exceção da Grécia,
Espanha e Irlanda, que sofreram pequenas regressões nos seus indicadores. Os
países Escandinavos mostram todos desempenhos relativamente fortes e, em 2014,
a Suécia e Dinamarca já haviam ultrapassado mais de metade dos níveis-alvo
estabelecidos pela estratégia Europa 2020.
Em análise ao cumprimento dos objetivos nacionais dos países membros, é de
salientar que, em 2014, todos os três países Bálticos tinham atingido as suas
metas, ao contrário de Malta, Portugal e Irlanda, que se encontram entre os que
têm um pior desempenho em termos do alcance das suas metas nacionais.
Os dados apresentados sobre
as políticas educativas sugerem que, para a maioria dos países, a proporção de
jovens que abandonam precocemente a educação diminuiu ligeiramente e ainda foi
registado o aumento da percentagem de indivíduos, com idades entre os 30 e os
34 anos, que concluem o ensino superior. Apesar deste recente progresso, para
vários países, o nível de performance verificado
em 2014 foi ainda bastante afastado do seu objetivo nacional, e por isso
continua a ser um grande desafio para a Europa. Alguns relatórios acreditam que
Portugal, França e Espanha terão dificuldades em atingir os objetivos planeados,
principalmente pelo facto de serem bastante ambiciosos dado o ponto de partida
e situação financeira de cada país.
Assim, tendo em conta o que
foi acima descrito, acredito que para ajudar países como Irlanda, Espanha,
Grécia e Portugal, que estão ainda longe de cumprir as metas ou que até
registaram regressões, seria relevante uma monitorização e criação de
diretrizes por parte da Comissão Europeia. Os dados mostraram ainda que, em
média, os estados membros estão relativamente mais distantes de cumprir os seus
objetivos nacionais e, para isso, acredito ser importante estimular os esforços
e investimentos necessários. Por fim, acho ser benéfico o parecer da Comissão no
desenvolvimento das metas nacionais, para que estas sejam mais adequadas e equilibradas
quando comparadas com as dos restantes membros.
Vera Araújo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]
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