Não
é novidade que esta pandemia afetou um pouco todos os setores económicos, assim
sendo, o mercado do petróleo e gás natural não foi exceção. O impacte neste
mercado deveu-se muito à demasiada oferta na quantidade enquanto que a sua
procura estava bastante reduzida, o que fez os preços destes bens colapsarem.
Como se pode reparar no gráfico
anterior, retirado do BBC, as quedas nos preços destes bens foram abruptas e
atingiram mínimos históricos. Foi relativamente fácil reparar nesta queda de
preços e, inclusive, foi diversamente comentado pelos portugueses pois
refletiu-se fortemente nos preços dos combustíveis, como a gasolina e o diesel,
que atingiram preços absurdamente baixos. Não é de admirar também que muito
dificilmente os preços voltem ao estado pré-pandemia, pois todos os países têm
cada vez mais um pensamento sustentável e voltado para o meio ambiente, o que,
consequentemente, faz com que procura por estes produtos venha a diminuir. São utilizados
como substitutos energias mais limpas, o que já era tendência antes desta crise
sanitária. Segundo a International Energy
Agency, a procura destes produtos diminuiu aproximadamente 30% face ao ano
anterior.
De forma a tentar travar a queda
destes preços, a OPEC +, membros da OPEC mais a Federação da Rússia, reuniu-se
de forma a chegar a um acordo de redução de produção, diminuindo a oferta e,
por sua vez, restaurando novamente um bom preço para o Petróleo e gás Natural.
Todavia, as duas partes neste acordo não conseguiram chegar a um entendimento e
não diminuíram a produção, o que fez com que o preço continuasse a reduzir-se.
Este acontecimento teve especial
impacte nas economias exportadoras de petróleo e gás natural, incluindo
diversos países em desenvolvimento em que este era o seu principal setor de
exportação. Estes últimos países são os que também têm uma exploração de
petróleo mais cara - como é exemplo a Angola e Nigéria - e viram as suas
receitas a diminuírem e os custos relacionados com a saúde e combate à pandemia
aumentarem drasticamente, ficando numa situação bastante complicada. Já os países mais desenvolvidos, onde a
exploração destes produtos é mais barata, conseguiram reduzir perfeitamente os
seus preços e colocar-se numa posição mais vantajosa, como foi o caso da Arábia
Saudita.
Segundo a revista Visão, os
ambientalistas têm acusado as empresas petrolíferas de estar a aproveitar a
pandemia para ganhar “terreno”, sendo que estão a aproveitar para ganhar
bastante com o plano de recuperação económico, valendo-se da proximidade que têm
dos decisores económicos. No que se remete a Portugal, este não é exceção e o
principal responsável pela elaboração do programa de recuperação económica e
social é o Professor António Costa e Silva, gestor da petrolífera Partex, o que,
apesar de este mesmo ter dito que não existia nenhum conflito de interesses,
tem, ironicamente, atrasado sempre planos como a recolha de carbono na
atmosfera, uma política que seria muito prejudicial para a sua petrolífera.
Assim, os ambientalistas apelam para a criação de barreiras que impeçam que os
representantes das indústrias petrolíferas cheguem aos decisores políticos.
Em suma, trata-se de um mercado que
está a passar diversas dificuldades e enfrenta enormes controvérsias em relação
à sua evolução futura. É também um
mercado com enorme poder na economia global, onde os principais barões têm
diversos contactos e conseguem chegar facilmente ao poder dos países,
influenciando as políticas tomadas de posição de acordo com as suas
preferências.
Carlos Marinho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]
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