segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Investigação e Desenvolvimento

            Investigação, criatividade e investimentos são elementos necessários para que o crescimento económico continue a acontecer. Para este efeito, foi estabelecido o Portugal 2020, um programa que tem como base o Europa 2020, e um acordo entre Portugal e a Comissão Europeia. Este vem contemplar cinco áreas temáticas traduzidas em oitos metas. Áreas como a do emprego, investigação e desenvolvimento, alterações climáticas e energia, educação e pobreza e exclusão social.

Tendo em consideração a área da investigação e desenvolvimento, a União Europeia, em 2018, tinha uma despesa de 2,19% do PIB, percentagem que ainda estava longe da meta estabelecida de 3% no programa Europa 2020. Apenas a Suécia, Áustria, Alemanha e Dinamarca tinham uma despesa igual ou superior a 3% do PIB, mas apesar destes desempenhos extraordinários, a Suécia e a Áustria ainda não tinham atingido as suas metas individuais de 4% e 3,75% do PIB, respetivamente. Portugal, com um gasto de 1,35% do PIB, em 2018, fica aquém destes valores e mesmo da sua meta individual mínima. O governo estabeleceu uma meta mínima de 2,7% do seu PIB, um valor muito ambicioso tendo em conta a sua despesa inicial de 1,29% do PIB, em 2014.


Como podemos observar neste gráfico, Portugal tem vindo a gastar cada vez mais em investigação e desenvolvimento. Entre 2009 e 2015, muito devido à crise financeira e às restrições que o governo teve que implementar, verificámos uma redução dos gastos nesta área. A partir deste período, Portugal tem registado um aumento gradual, mas não o suficiente para conseguir atingir a sua meta de 2,7%.

A um nível mundial, o Japão é o quinto país que apresenta uma maior despesa em investigação e desenvolvimento ao gastar cerca de 3,26% do PIB, sendo assim um país forte no mercado automóvel, de câmaras e dispositivos médicos. Em quarto, temos Suécia, que se distingue em tecnologia verde e na ciência da vida. A seguir vem a Suíça, com um gasto de 3,37% do PIB, o mais alto da Europa e também o país que mais publicações de investigação divulga por cada 1000 habitante a nível mundial. Em segundo está a Coreia do Sul, com um gasto de 4,81%, um líder na busca de novos conhecimentos científicos. Em primeiro lugar encontramos Israel, com o valor extraordinário de 4,95% do PIB em despesas nesta área. A maior parte da mesma é para sistemas informáticos, cibersegurança, inteligência artificial e pesquisas na área da medicina.

Para minha surpresa, a China não aparece neste top 5, nem no top 10. O crescimento impressionante da China ao longo dos últimos quinze anos resultou sobretudo da produção de bens desenvolvidos noutros países. O facto de ter este crescimento e não estar no top 10 não quer dizer que a China não tenha pessoas capazes, inteligentes e inovadoras, porque as tem. O problema, talvez, reside na legislação, o facto de existir pouca proteção na propriedade intelectual. Há pouco incentivo para que os fabricantes chineses gastem dinheiro na investigação e no desenvolvimento de novos produtos quando a fábrica do lado se pode limitar a copiá-los e a produzi-los sem gastar dinheiro em investigação e desenvolvimento.

A investigação e o desenvolvimento exigem o sacrifício dos lucros atuais de modo a obter lucros ainda maiores no futuro, mas para que as empresas corram este risco é necessário que existam incentivos e que estas sejam protegidas.

Assim, acredito que se um país em desenvolvimento quer continuar a manter um crescimento económico, tem que encontrar maneiras de incentivar a inovação e proteger os inovadores. Tem, por exemplo, que incentivar a criatividade, integrar tecnologia e programação no plano de educação, de forma a que os mais novos tenham um contacto mais próximo com esta e a sua evolução. A elaboração de patentes também acho importante para proporcionar proteção aos inventores, como também proporcionar a proteção de que as empresas precisam para colher os lucros da sua investigação e desenvolvimento.

 

Manuel José Barbosa Nogueira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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