Investigação, criatividade e investimentos são elementos necessários para que o crescimento económico continue a acontecer. Para este efeito, foi estabelecido o Portugal 2020, um programa que tem como base o Europa 2020, e um acordo entre Portugal e a Comissão Europeia. Este vem contemplar cinco áreas temáticas traduzidas em oitos metas. Áreas como a do emprego, investigação e desenvolvimento, alterações climáticas e energia, educação e pobreza e exclusão social.
Tendo
em consideração a área da investigação e desenvolvimento, a União Europeia, em
2018, tinha uma despesa de 2,19% do PIB, percentagem que ainda estava longe da
meta estabelecida de 3% no programa Europa 2020. Apenas a Suécia, Áustria, Alemanha
e Dinamarca tinham uma despesa igual ou superior a 3% do PIB, mas apesar destes
desempenhos extraordinários, a Suécia e a Áustria ainda não tinham atingido as
suas metas individuais de 4% e 3,75% do PIB, respetivamente. Portugal, com um
gasto de 1,35% do PIB, em 2018, fica aquém destes valores e mesmo da sua meta
individual mínima. O governo estabeleceu uma meta mínima de 2,7% do seu PIB, um
valor muito ambicioso tendo em conta a sua despesa inicial de 1,29% do PIB, em
2014.
Como
podemos observar neste gráfico, Portugal tem vindo a gastar cada vez mais em
investigação e desenvolvimento. Entre 2009 e 2015, muito devido à crise
financeira e às restrições que o governo teve que implementar, verificámos uma redução
dos gastos nesta área. A partir deste período, Portugal tem registado um
aumento gradual, mas não o suficiente para conseguir atingir a sua meta de 2,7%.
A um nível mundial, o Japão é o quinto país que apresenta uma maior despesa em investigação e desenvolvimento ao gastar cerca de 3,26% do PIB, sendo assim um país forte no mercado automóvel, de câmaras e dispositivos médicos. Em quarto, temos Suécia, que se distingue em tecnologia verde e na ciência da vida. A seguir vem a Suíça, com um gasto de 3,37% do PIB, o mais alto da Europa e também o país que mais publicações de investigação divulga por cada 1000 habitante a nível mundial. Em segundo está a Coreia do Sul, com um gasto de 4,81%, um líder na busca de novos conhecimentos científicos. Em primeiro lugar encontramos Israel, com o valor extraordinário de 4,95% do PIB em despesas nesta área. A maior parte da mesma é para sistemas informáticos, cibersegurança, inteligência artificial e pesquisas na área da medicina.
Para
minha surpresa, a China não aparece neste top 5, nem no top 10. O crescimento
impressionante da China ao longo dos últimos quinze anos resultou sobretudo da
produção de bens desenvolvidos noutros países. O facto de ter este crescimento
e não estar no top 10 não quer dizer que a China não tenha pessoas capazes,
inteligentes e inovadoras, porque as tem. O problema, talvez, reside na
legislação, o facto de existir pouca proteção na propriedade intelectual. Há
pouco incentivo para que os fabricantes chineses gastem dinheiro na
investigação e no desenvolvimento de novos produtos quando a fábrica do lado se
pode limitar a copiá-los e a produzi-los sem gastar dinheiro em investigação e
desenvolvimento.
A
investigação e o desenvolvimento exigem o sacrifício dos lucros atuais de modo
a obter lucros ainda maiores no futuro, mas para que as empresas corram este
risco é necessário que existam incentivos e que estas sejam protegidas.
Assim,
acredito que se um país em desenvolvimento quer continuar a manter um
crescimento económico, tem que encontrar maneiras de incentivar a inovação e
proteger os inovadores. Tem, por exemplo, que incentivar a criatividade, integrar
tecnologia e programação no plano de educação, de forma a que os mais novos tenham
um contacto mais próximo com esta e a sua evolução. A elaboração de patentes
também acho importante para proporcionar proteção aos inventores, como também
proporcionar a proteção de que as empresas precisam para colher os lucros da
sua investigação e desenvolvimento.
Manuel José Barbosa Nogueira
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