A
importância da existência de transportes públicos é inegável. Para além da
praticidade dos mesmos em viagens curtas, dentro de cidades, e acessibilidade
em viagens longas, também se verifica que o congestionamento, a emissão de
gases de efeito de estufa, a poluição atmosférica,
o ruído, o consumo de energia e a exclusão social diminuem.
Assim,
verificamos que, no ano de 2018, o setor dos transportes detinha um papel muito
importante na economia portuguesa, representando 4,3% do PIB e dando emprego a
cerca de 155.000 pessoas. É, sem dúvida, um serviço essencial para o
funcionamento normal da sociedade.
Com
o intuito de atrair mais consumidores a este serviço, na tentativa de combater
as externalidades negativas à mobilidade (referidas anteriormente), foi criado
o programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART).
Em abril de 2019, este programa entrou em vigor, verificando-se um impacte
positivo, uma vez que, em fevereiro desse ano, tanto em Lisboa como no Porto,
ocorreram aumentos de passageiros em 10,6% e 22%, respetivamente. Nos primeiros
nove meses de funcionamento, até ao
fim de 2019, o PART permitiu aumentar em 18% os passageiros na Área
Metropolitana de Lisboa.
O
aparecimento da pandemia da COVID-19, em março de 2020, em Portugal, fez com
que estes transportes tivessem que diminuir, ou até mesmo parar o seu serviço,
durante o confinamento. De acordo com o Noticias ao Minuto, pequenas e médias empresas do setor dos transportes,
cujos clientes são sobretudo emigrantes, afirmam estar a passar por um período
de "grande prejuízo financeiro" causado pela diminuição do número de
viagens.
Como
já deu para perceber, as perdas relativas a este setor são óbvias e
incontornáveis, pois além de terem ficado praticamente parados durante o mês de
março e abril, a população ainda tem medo de contrair o vírus nestes espaços,
sendo que “Não é por a lotação estar restringida a
2/3, é por falta de
procura”, como afirma o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos. Assim, um exemplo de
perdas, é o caso da CP, pois estima-se que esteja a perder cerca de 12 milhões
de euros por mês por causa da pandemia.
Apesar
da drástica quebra registada em abril, no qual o número de passes comprados baixou
para os 72.231 (que, em relação ao mês
homólogo,
corresponde a uma perda de 88,5% nas vendas), a procura na Área Metropolitana
de Lisboa está a crescer mensalmente. Este crescimento é notório e constante,
visto que em maio foram vendidos 236.907 passes, em junho 334.327, em
julho 351.249, e em agosto (mês
cuja venda destes títulos desce devido ao período de férias) foram este ano vendidos 357.186.
Claro que estes valores não se comparam àqueles registados em 2019, sendo que os passes vendidos em maio correspondem
a 41,4% dos vendidos no mês
homólogo
de 2019, os de junho correspondem a 49,1% dos vendidos em junho de 2019, os de
julho a 53,8% das vendas de julho do ano passado e os de agosto a 61,1% em
relação a agosto de 2019.
Em
suma, a crise sanitária
provocada pela pandemia da COVID-19 trouxe grandes mudanças na população
mundial. Vários hábitos tiveram que ser adaptados e a mobilidade das pessoas
foi um desses, sendo que o uso de transportes públicos, como autocarros,
comboios e metros, foi abalado com o surgimento deste vírus. De acordo com
alguns especialistas na área de infeciologia, os transportes públicos são um
dos locais mais favoráveis à transmissão da COVID-19, por isso, estes
aconselham a quadruplicar os serviços de transportes públicos.
Pensando no custo de oportunidade de ter a economia novamente fechada, ou quadruplicar a frequência dos serviços de mobilidade, de forma a evitar eventuais aglomerações, esta última opção parece a mais viável. Porém, as empresas de transportes têm que ter mais apoio, pois tal tornar-se-ia completamente insustentável.
Daniela
Bastos
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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