O calçado é um setor que assume extrema importância na
economia portuguesa. É um setor inovador, que se destaca pela produção de
elevada qualidade e design. Há, cada
vez mais, uma aposta no fabrico de produtos de elevado valor acrescentado,
direcionados principalmente para o mercado europeu, que apresenta maior poder
de compra e maior proximidade, quer em termos físicos quer em termos culturais.
Este setor registou fortes mudanças e adaptações nas
últimas décadas. A crescente competitividade das economias emergentes
(principalmente dos países asiáticos) forçou as empresas portuguesas a
alterarem o seu modelo competitivo. Estas economias têm a capacidade de
praticar preços muito baixos, levando à perda da competitividade da indústria
portuguesa e europeia. A não capacidade de responder a encomendas de uma
dimensão tão grande obrigou a que o setor nacional redefinisse a sua
estratégia. Assim, houve necessidade de especializar a produção através da
produção de peças “à medida” e do fabrico de pequenas séries que respondessem
às preferências dos consumidores.
A indústria de calçado portuguesa carateriza-se pela
sua alta qualidade e por isso várias marcas internacionais utilizam as fábricas
portuguesas para fazer os seus sapatos, melhorando a capacidade técnica dos
industriais. Nos últimos anos, verificou-se um elevado crescimento das marcas
e design próprios,
apoiado pelo estado e pela iniciativa particular com a criação de centros de design e centros tecnológicos. Isto
permitiu levar a fabricação e qualidade dos sapatos portugueses a patamares
superiores. Esta indústria está concentrada principalmente no norte do país, sendo
os distritos que registam maior número de empresas Aveiro e Porto.
Atualmente, estamos a enfrentar uma crise sanitária
mundial, uma crise que está a causar sofrimento humano, prejudicar a economia e
perturbar as vidas das pessoas. A doença covid-19 está a ter um enorme impacte
em todos os setores sociais e económicos, tendo afetado também, obviamente, o
setor do calçado. Medidas como o encerramento de lojas e as reduções nos salários
retraíram a procura dos consumidores. Por outro lado, o fecho de fábricas e a
quarentena obrigatória por parte dos trabalhadores provocou também uma
diminuição da oferta. De forma a responder a esta crise, os governos de todo o
mudo implementaram medidas para minimizar o impacte da pandemia como:
salvaguardar os empregos e os rendimentos das pessoas, restabelecer a
confiança, manter a estabilidade financeira, incentivar o crescimento e uma
forte recuperação, e proporcionar ajuda a todos os países com necessidade de
apoio. Estas medidas, vieram ajudar as empresas portuguesas a ultrapassar
algumas das dificuldades, no entanto não deixa de ser notório o impacte desta
crise no setor do calçado.
Portugal afirma-se como uma das maiores potências
mundiais no que toca ao setor do calçado, surgindo no top 20 no ranking de países produtores de calçado,
onde da Europa consta apenas a Itália (10º lugar) e a Espanha (17º lugar). É
também de destacar a posição ocupada por Portugal ao nível do preço médio de
venda (26,26 dólares), que ocupa a segunda posição entre os principais
produtores mundiais de calçado.
Por fim, podemos concluir que, dada a importância
deste setor na economia portuguesa, é importante o estado dar apoio às empresas
produtoras de calçado, especialmente dada a situação em que vivemos. É
necessária a aposta contínua neste setor que assume um papel tão fundamental
nas exportações do nosso país. Além disto, penso que outra excelente forma de
combater o impacte da crise passa por consciencializar as pessoas da
importância de consumir produtos portugueses. Um bom exemplo disto é a campanha
da APICCAPS (Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes,
Artigos de Pele e Seus Sucedâneos) - "Está na hora de comprar calçado
português!" - onde é lançado um apelo direto aos portugueses para
comprarem calçado português. Visto que Portugal exporta cerca de 95% do
calçado, incentivar os portugueses a comprarem “cá dentro” é, sem dúvida, uma
excelente forma de impulsionar este setor novamente.
Rafael
Caseiro
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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