Designada como a maior conferência de tecnologia da Europa, a Web Summit dedica-se ao empreendedorismo e à inovação. Foi fundada em 2009, em Dublin, na Irlanda, local onde se realizou até 2015. Depois de serem registados inúmeros problemas com a conetividade, infraestruturas, transportes públicos e até mesmo com o controlo de preços praticados pelos hotéis, o governo Irlandês concluiu que não conseguia garantir as condições necessárias para assegurar um evento desta dimensão. Por estes motivos, em 2015, o co-fundador e CEO, Paddy Cosgrave, anunciou que a cimeira mudar-se-ia para a capital portuguesa durante o período de 2016 a 2018.
Mais
recentemente, em 2018, apesar das inúmeras propostas financeiramente mais
interessantes, Cosgrave resolveu tomar uma das decisões “mais loucas” da sua
vida, ao fazer com que o evento permaneça em Portugal nos próximos 10 anos, ou
seja, até 2028. Até então, as edições que decorreram em Lisboa foram um sucesso
e sem dúvida uma mais-valia para Portugal.
A
última edição destaca-se como sendo a maior realizada até ao momento, com cerca
de 70 mil participantes, vindos de todos os cantos do mundo, somando um total
de 163 países representados no evento. Foram mais de 1200 palestras e 1200
investidores, centrados nas ideias e negócios expostos pelas 2150 startups que compareceram em 2019. Um
estudo realizado pelo Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, revela que a Web
Summit 2019 terá tido um impacte de 180 milhões de euros na economia
do país, o que representa um aumento de 75 milhões de euros face a 2018. O
valor calculado abarcava não só o retorno direto dos 70 mil visitantes como
também ganhos na capacidade de o país atrair atenção mediática, negócios e
empresas tecnológicas.
“Será
que valem a pena mais 10 anos de Web Summit em Portugal?” É uma questão
que tem sido abordada por vários economistas. É de realçar a atenção mundial
que o evento trouxe a um ecossistema tecnológico incipiente, fazendo com que
investidores, startups e fundadores
vissem Portugal com outros olhos, sendo fundamental sabermos aproveitar todas
as oportunidades que tem surgido por causa da Web Summit.
Para
retirar as minhas conclusões sobre a importância da permanência em Portugal até
2028, centrei-me em previsões de um estudo realizado pelo economista e
professor da Universidade do Minho, João Cerejeira, que demonstram um impacte
positivo na economia portuguesa, como, por exemplo, quando este afirma que a nível
da procura, “para 2028, projeta-se um impacto direto até 159,1 milhões de
euros, consoante o cenário considerado”, reflexo de que realmente o evento
proporciona efeitos favoráveis ao país. Eventos como este, para além dos
impactes que possam surgir a longo prazo em vários sectores de atividade, na
reconfiguração da economia, no avanço do país e no maior reconhecimento
mundial, comprometem diversos meios cujos efeitos no curto-prazo poderão ser
bastante consideráveis, através do estímulo da procura interna da economia.
Este
ano, devido à situação que Portugal e todo o mundo estão a enfrentar, a
organização do evento recusou a ideia de ter um modelo de cimeira híbrido, ou
seja, com uma parte da participação física e outra online, depois do alargado crescimento de infeções e surtos de
Covid-19 e com a Europa a passar por uma segunda vaga pandémica. Assim, a 5º
edição da Web Summit em Portugal será exclusivamente na internet, e
realiza-se entre os dias 2 e 4 de dezembro, contando receber cerca de 100 mil
participantes na plataforma de conferência digital. Para 2020, estimava-se um
custo total para o governo e Câmara Municipal de Lisboa acima dos 20 milhões de
euros mas, sem os gastos logísticos presentes, tudo aponta para que mesmo assim
seja cobrado o valor de 11 milhões de euros contratualizados.
Para
finalizar e na minha opinião, é sempre uma mais-valia um evento deste patamar
decorrer em Portugal, a todos os níveis. Colocando a cidade de Lisboa na rota
dos grandes centros tecnológicos, contribuindo para o desenvolvimento e modernização
da economia portuguesa, é também uma oportunidade para que os diversos
profissionais possam estabelecer uma rede de contacto mundial sólida. É
visivelmente notório o quanto a Web Summit alterou a perceção de
Portugal e, como diz o economista Pedro Manuel Costa, “Deixámos de ser apenas o
país das praias e do surf, para
passarmos também a ser um bom país para investir e onde trabalhar”.
Ana
Torres
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]
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