De acordo com a Organização das Nações Unidas, a pobreza não se cinge à falta de recursos e de rendimentos que garantem os meios de subsistência sustentáveis. A pobreza manifesta-se através da fome, da falta de acesso à educação, da discriminação, da exclusão social e também na falta de participação na tomada de decisões.
Existem diversos tipos de pobreza atualmente
em todo o mundo. A pobreza absoluta ou extrema é caracterizada como uma situação em que as pessoas não veem
satisfeitas as necessidades básicas à sua sobrevivência. A pobreza relativa
difere de país para país, uma vez que esta está depende do nível de vida da
maioria da população desse país. A pobreza relativa é descrita como uma
situação em que o estilo de vida e o rendimento de algumas pessoas é precário
quando comparado com a restante população desse país.
A pobreza
pode ser medida em função dos limiares de pobreza monetária relativa, isto é,
calculada a partir dos rendimentos médios dos agregados familiares do país em
análise. A linha de pobreza corresponde a uma percentagem do rendimento médio.
Estas linhas de pobreza podem variar entre os 40% e os 70% do agregado familiar.
Quando se verifica um aumento do rendimento médio, esta linha sobe, provocando
assim uma oscilação técnica no número de pessoas em situação de pobreza.
A partir
destes valores é possível obter uma ideia geral da taxa de risco de pobreza,
podendo-se ainda desagregar estes valores por gênero, idade, tipo de agregado
familiar e situação profissional. Na União Europeia, todos os indivíduos que
possuem um rendimento anual líquido abaixo dos 60% do rendimento mediano
encontram-se em “risco de pobreza”.
De acordo com
os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE),
em Portugal, a taxa de risco de pobreza em 2018
estabilizou nos 17,2%, apresentado uma diferença de 0,1 ponto percentual face
aos 17,3% de portugueses, que em 2017 viviam abaixo do limiar de pobreza. Apesar
desta ligeira diminuição, a pobreza nas famílias monoparentais aumentou. Uma em
cada três famílias monoparentais com pelo menos uma criança (33,9%) estava em
risco de pobreza. O risco de pobreza afeta ligeiramente mais as mulheres do que
os homens e é mais alto entre os jovens com menos de 18 anos do que entre as
pessoas reformadas.
Figura 1 - População
em risco de pobreza ou exclusão social, Portugal 2016-2019
Com uma taxa de 21,6%, em 2019, Portugal situou-se ligeiramente acima da média da União Europeia (21,1%), numa Europa que falhou nas metas de redução de pobreza. Há dez anos, a taxa de risco de pobreza em Portugal rondava os 26%, ou seja, o equivalente a 2,76 milhões de pessoas. Depois de três anos consecutivos a subir neste índice, entre 2011 e 2014, alcançou-se um máximo de 27,5%. Desde então, Portugal tem registado uma diminuição na percentagem a taxa de risco de pobreza em Portugal, tendo atingido, em 2018, a menor taxa em pelo menos 14 anos.
Figura 2 - Risco de pobreza e exclusão social na EU
Existem
países onde se registou um aumento do risco de pobreza, como por exemplo no
Luxemburgo (subiu de 15,5% em 2008 para 20,7% em 2018) e na Grécia (mais 3,37
pontos percentuais em 10 anos).
Os países
onde se registram as maiores quebras também foram os que registaram as taxas de risco de pobreza mais altas, como se verifica nos países mais a Leste, Bulgária (menos
12 pontos, para 32,8%) e Roménia (-11,7 pontos).
A taxa de
risco de pobreza em Portugal em 2018 representa toda a população que vivia com
menos de 501 euros por mês. Para além disso, em 2017, 23,3% da população portuguesa
vivia com menos de 468 euros por mês.
Relativamente
às desigualdades económicas em Portugal, o coeficiente de Gini, que mede a
distribuição entre os mais ricos e os mais pobres, baixou para 31,9%, sendo
este o valor mais baixo desde 2003 publicado pelo INE.
Em
conclusão, apesar das melhorias que ainda têm de ser conseguidas, devido a esta
crise pandémica, a pobreza em Portugal pode atingir valores bastante superiores
face aos anos anteriores. Isto deve-se à subida da taxa de desemprego, que aumentou
ao longo deste ano de 2020. Deste modo, Portugal continua a ser um dos países
com mais desigualdades e com um valor de risco de pobreza que pode vir a ultrapassar
a média da União Europeia a curto prazo.
João Davide Figueiredo Martins
Bibliografia
Figura 2 – https://ec.europa.eu/eurostat
https://eco.sapo.pt/2020/10/16/risco-de-pobreza-em-portugal-superior-a-media-da-ue/
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