Nos
últimos anos, temos assistido a um forte desenvolvimento da indústria
tecnológica, tanto a nível de dispositivos cada vez mais capazes de suportar
enormes fontes de informação, como a nível de softwares que facilitam cada vez mais o controlo de novas informações.
Perante este facto que todos nós temos vindo a constatar, perguntamo-nos de que
maneira é que Portugal se estará a adaptar a todas estas novas tecnologias que
vão aparecendo e se as empresas portuguesas têm vindo a tirar proveito delas
para encontrarem ou formularem novos instrumentos que facilitem e melhorem os
seus processos produtivos.
Este pequeno artigo, através da análise de alguns gráficos relacionados com o tema, tem como principais intuitos perceber se as empresas portuguesas têm vindo a apostar no sector de Investigação e Desenvolvimento (I&D) e se têm adaptado ao aparecimento destas novas tecnologias num mercado que se tem tornado cada vez mais digital. Tudo isto enquanto se compara o comportamento português com outros países e com a UE27.
As empresas
portuguesas têm vindo a apostar na I&D?
Começando pela análise do
primeiro gráfico, que nos fornece as despesas das empresas de diferentes países
em I&D em % do PIB, vemos que Portugal, na 16ª posição, apresenta um valor
de 0,7%, em 2018, valor este inferior à média apresentada pelos países da UE27,
que é de 1,5%. No entanto, apesar se continuarmos com um valor relativamente
baixo, registou-se uma subida, face ao ano de 2004, onde as despesas em I&D
das empresas portuguesas eram quase nulas. Para além disso, ainda podemos
verificar através do mesmo gráfico que países como Suécia, Alemanha e Finlândia
são bastante inovadores, visto que apresentam valores superiores à média da
UE27.
Através da análise do segundo
gráfico, que nos indica as pessoas a trabalhar na secção de I&D (a tempo
integral), por cada 1000 ativos, verificamos que Portugal, nesta vertente, não
se afasta muito da média da UE27. Isto é, em 2018, Portugal (na 14ª posição) apresenta
um valor de 11,7, enquanto a UE27 apresenta um valor de 13,4. Face a 2004,
Portugal duplicou, aproximadamente, o seu valor, visto que nesse ano
apresentava apenas cerca de 5 trabalhadores em I&D por cada 1000 ativos.
Os países referidos no final da análise da tabela anterior, estão, de igual forma, presentes no topo deste novo gráfico (Finlândia, Alemanha e Suécia continuam com valores superiores à média da U27). No entanto, nesta vertente a tabela não é liderada pela Suécia, mas sim pelo Dinamarca, que apresenta um valor de 22,3 trabalhadores.
As
empresas portuguesas têm-se adaptado ao aparecimento das novas tecnologias e da
digitalização do mercado?
Para responder à pergunta
acima referida, recorremos ao gráfico agora apresentado, que nos mostra a % de
empresas (apenas aquelas que têm 10 ou mais trabalhadores ao serviço) que
possuem website em diferentes países
e a média na UE27.
Neste gráfico, Portugal
ainda se situa numa posição pior que nas tabelas anteriores. Na 24ª posição,
Portugal apresenta um valor de 59%, em 2018. Ou seja, apenas 59% das empresas
portuguesas têm website enquanto que
na média da UE27 cerca de 77% das empresas tem website próprio. De realçar a Dinamarca, novamente, em que, em
2018, cerca de 94% das empresas apresentavam o seu próprio website.
Em suma, combinando a
informação de todos os gráficos analisados, conseguimos perceber que somos um
país pouco inovador e pouco adaptado a esta nova realidade, face a muitos
outros países europeus. Revelamo-nos um país retrógrado nesta vertente que tem
vindo cada vez mais a ganhar importância na comercialização de serviços e
produtos e até mesmo no desenvolvimento dos processos produtivos. Quiçá, talvez
estaríamos melhor a nível económico se demonstrássemos uma maior adaptabilidade
às novas tecnologias.
Diogo
Carvalho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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