A globalização económica é o processo de integração e dependência económica entre países. Mais concretamente, é um processo com duas faces: em primeiro lugar, a da especialização da produção; e, depois, a da interdependência entre as economias. Segundo o economista Luís Bravo, a globalização “é uma criadora de produtividade que tende a favorecer economicamente os países que mais liberalizam o comércio”.
Por um lado, a globalização trouxe inúmeras vantagens. As
pessoas podem viajar, trabalhar, estudar e viver em países diferentes. Os
países podem produzir mais com menos custos, especializando-se na produção de
determinados bens e explorando as economias de escala nos mercados mundiais. A
concorrência internacional, a cooperação científica e o intercâmbio de ideias
contribuíram para estimular a criatividade e acelerar a inovação. As empresas
que operam nos mercados internacionais mantêm-se competitivas devido ao seu
crescente grau de adaptação. Milhões de pessoas deixaram de viver na pobreza e alguns
dos países mais pobres recuperaram o seu atraso económico. Em última instância,
contribuiu também para reforçar a estabilidade, a democracia e a paz.
Por outro lado, da globalização advêm também
consequências negativas: passa a haver um maior fluxo de matérias-primas e de
mercadorias no mundo (a Logística ganha uma crescente importância); os
investimentos passam a ser seletivos de acordo com os mercados de produção; e,
finalmente, todos dependemos mais de todos. Embora os factos revelem que a
economia, as empresas e os cidadãos europeus continuam a beneficiar bastante da
globalização, estas vantagens não têm sido repartidas de modo equitativo, contribuindo,
por vezes, para agravar as desigualdades sociais.
A verdade é que dentro de alguns anos emergirão as
chamadas novas tendências da globalização. Quase todos os setores serão
afetados, designadamente o setor agroalimentar e o setor das telecomunicações.
Além disso, também os transportes, a distribuição, os serviços financeiros, a
produção industrial, os cuidados de saúde, e outros sofrerão mudanças. Exemplo disso
são já a realidade virtual, o comércio eletrónico, o crowdfunding (em
português, financiamento coletivo), etc.
De facto, devido à interação a nível mundial, surgiram
ora novas oportunidades ora novas ameaças. Por sua vez, ao mesmo tempo, o mundo
enfrenta cada vez mais problemas transnacionais - fluxos migratórios, ações
terroristas, crises económico-financeiras, pandemias e alterações climáticas. Além
do mais, os avanços tecnológicos e a expansão das economias emergentes
aceleraram ainda mais as trocas mundiais e transformaram a sua natureza. Nem as
economias mais desenvolvidas, nem as de maior dimensão, nem mesmo as mais ricas
detêm as capacidades necessárias para enfrentar individualmente os desafios
atuais.
A cooperação à escala mundial assume, portanto, uma
importância cada vez maior. No entanto, esta precisa de ser repensada e reformada.
Tal requer uma visão para o futuro que suporte a modernização da economia, através
da adoção de políticas concretas, relativas não só à inovação e ao investimento
mas, também, políticas setoriais e de regulamentação e tributação. Isto implica
tomar medidas a nível da União Europeia, dos Estados-Membros, a nível regional
e local.
Para a União Europeia, uma das principais prioridades
consiste em reforçar a sua transição para uma economia digital, sustentável e
mais circular. Os Estados-Membros devem desenvolver políticas que aumentem a
produtividade, apoiem os trabalhadores, fomentem a inclusão e equidade sociais (medidas
fiscais) e desenvolvam os investimentos na inovação, formação e educação.
Ademais, as localidades devem definir novos modelos empresariais que apoiem o
empreendedorismo. Como Anna Ayuso (do Centro de Assuntos Internacionais de
Barcelona) afirma, “Estamos noutra fase da globalização (…) do que precisamos é
de instituições que respondam realmente às mudanças que estão a ocorrer na
sociedade internacional.”
Cristiana Mendes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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