Desde
a qualidade até às condições para a sua produção, o vinho português tem-se
destacado positivamente ao longo dos anos não só em Portugal como pelo mundo
fora. O setor vinícola é um exemplo da crescente aposta na internacionalização,
com a imagem dos vinhos portugueses a ganhar cada vez mais reconhecimento e a
conquistar um mercado fiel fora das fronteiras nacionais, e com as empresas produtoras
a optar pela abertura de novas rotas de mercado, fazendo com que as exportações
aumentem de forma gradual, sendo uma mais-valia para a economia do nosso país. Estas
diferenças significativas que resultaram num aumento da divulgação dos vinhos
portugueses no exterior, só foram possíveis pela intervenção fundamental de uma
nova geração de enólogos com melhores formações e conhecimentos dos gostos
internacionais, e de novas estratégias de gestão.
A
indústria do vinho apresenta um elevado volume de negócios e valor acrescentado
e, especialmente, um valor muito positivo na balança comercial, pois é um dos
poucos sectores agroalimentares com uma balança comercial positiva, que rondou
os 653 milhões de euros, em 2019. Nesse mesmo ano foi registado um novo máximo
histórico de exportações, com a venda de cerca de 296 milhões de litros, no
valor global de 820,5 milhões de euros (um aumento de 2,5% face a 2018), ao
preço médio de 2,77 euros/litro. Daí denotando-se que se trata de um ano em que
a internacionalização foi bastante notória. A França, principal mercado de
destino das exportações portuguesas de vinho, em 2019, absorveu 13,9% do total,
seguida dos EUA (10,9%), do Reino Unido (9,5%) e do Brasil (6,7%). Com valores
na ordem dos 6% alinharam-se a Alemanha, o Canadá, a Bélgica e a Holanda. Os
restantes países apresentam valores iguais ou inferiores a 4,5%.
Figura
1 - Principais mercados de destino das
exportações portuguesas de Vinho em 2019 (%)
Fazendo
uma comparação entre 2018 e 2019, no total, a União Europeia apresentou um
aumento de 0,3% das exportações, mas os EUA (2º mercado de destino das
exportações) destacam-se com uma variação positiva de 10,8%, o que corresponde
a aproximadamente 8,8 milhões de euros, o Reino Unido teve um aumento de 3% e o
Brasil de 7%. Pelo contrário, as exportações para a Alemanha e a China caíram
cerca de 0,8% e 9,5%, respetivamente.
Portugal, segundo dados de base disponíveis no portal do “International Trade Centre” (ITC), em 2019, ficou entre os 12 principais exportadores mundiais de vinho, situado em 9º lugar, ou seja, com 2,5% do peso total. Como podemos visualizar na figura 2, o primeiro lugar, com 30,4% do total, é ocupado pela França. O conjunto destes doze países totalizou cerca de 90% da exportação mundial de Vinho no ano passado.
Figura 2 - Os principais exportadores mundiais de vinho em 2019 (%)
O
vinho do Porto é um exemplo de vinho português reconhecido nos quatro cantos do
mundo, sendo aquele que normalmente têm mais peso no total das suas vendas,
logo, a maior quota nas exportações de vinhos portugueses. Em 2019, destacou-se
porque, para além de terem sido exportadas mais garrafas (+1,2%), estas foram-no
a um preço médio mais elevado (+1,6%). Com isto, colaborou para o acréscimo na
quantidade exportada das categorias especiais, com resultados iguais a 2017
(ano com melhor quota registada). É
importante referir que faz parte dos vinhos rotulados com Denominação de Origem
Protegida (DOP), que protege os produtos cuja produção, elaboração e
transformação ocorrem numa certa região, com um saber-fazer reconhecido e
verificado.
Existem
vários instrumentos de apoio à internacionalização deste setor, mas na minha
opinião os mais relevantes são: a criação de apoios específicos orientados; criação
de um mecanismo de apoios financeiros para a internacionalização, com maior
facilidade de acesso a financiamentos bancários e a financiamentos intercalares;
tentar garantir a extensão dos apoios aos planos de ação por país para mais de
cinco anos.
Desta
forma, apesar dos excelentes resultados obtidos até agora, é importante que a
indústria do vinho continue a preocupar-se em apostar em três pilares
fundamentais: competitividade, diferenciação e qualidade. Deve assim investir
em novos mercados, em modernizar as empresas e requalificar as diversas quintas
dos mais prestigiados vinhos portugueses. No caso do vinho do Porto,
fundamentalmente, importa pensar que o futuro passa por tentar rejuvenescer o
leque de consumidores e demonstrar que pode ser um vinho para todos os momentos
e ocasiões. Penso que se deveria cada vez mais apostar na divulgação da sua versatilidade
e tentar aumentar ainda mais as quotas de mercado nos diversos países
importadores.
É
importante acreditarmos na qualidade dos nossos produtos e assim dar a conhecer
ao exterior um pouco do que nos completa e faz deste Portugal um país cheio de
“coisas boas”.
Ana Torres
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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