Nada
será como antes! Tudo por causa deste abominável vírus que, sem convite, chegou
e não tem bilhete de volta! Sem dúvida, a COVID-19 conseguiu atravessar o mundo
com a força da sua invisibilidade e envolveu-o num manto de incerteza. Pôs em
causa o nosso modo de vida e parece levar a melhor e o melhor do Homem, o seu
bom-senso.
Todavia,
apesar de tudo, a SARS-COV-2 também criou novas oportunidades para gerir
desafios. Hoje, mais do que nunca, apercebemo-nos que impulsionou a necessidade
de inovação e deixou claro que, sem o acesso às tecnologias de informação e
comunicação, a vida, nos últimos tempos, teria sido muito mais sufocante e
limitada. Deste modo e tal como declara Miguel Almeida, diretor-geral da Cisco
Portugal, a pandemia foi “o rastilho da transição digital”, uma vez que o
decreto do estado de emergência e o confinamento obrigatório criaram “o momento
ideal” para a aceleração do processo de digitalização do país.
Assim,
a sociedade foi “remotizada” de um dia para o outro. Creio que quanto mais
isolados e distanciados estávamos socialmente, mais ligados ficamos
digitalmente. Com efeito, a crise pandémica veio evidenciar ainda mais a
importância da disponibilidade, resiliência e qualidade das redes móveis e
fixas de telecomunicações em Portugal, na medida em que a interoperabilidade e
a interconetividade conferidas por estas tecnologias foram vitais à sobrevivência
de qualquer empresa e serviço, pois garantiram que a sociedade civil, as empresas
e o Estado continuassem a comunicar entre si.
Certamente,
o suporte à digitalização foi, é e será promotor da retoma económica, visto que
se massificou o teletrabalho, o ensino à distância, a telemedicina, o e-Commerce, a robótica e a indústria
automatizada, os serviços públicos on-line
e as plataformas colaborativas da economia local. Posto isto, promoveu-se a
utilização acelerada de mecanismos de videoconferência e de partilha de
informação pelas diferentes camadas da população, assentes numa transformação
digital absolutamente transversal a toda a sociedade portuguesa.
Acredito
que este será o “novo normal” e, portanto, é imperativo reinventar Portugal.
Efetivamente, a transição digital é um dos instrumentos essenciais da
estratégia de desenvolvimento do país, em linha com as orientações do Pacto
Ecológico Europeu e com os investimentos da UE no período de programação
2021-2027. As novas tecnologias digitais, como os sistemas de inteligência
artificial, a tecnologia 5G, a computação em nuvem e de proximidade e a
Internet das coisas constituem-se, no seu conjunto, num dos principais
alicerces da transição energética da economia e do Plano de Recuperação e Resiliência.
Nesta
medida, um elemento propulsor desta transformação é o alargamento da fibra
ótica para cobrir todo o país, tendo em vista o reforço da coesão territorial e
a integração do interior na economia nacional e global. Outra estratégia
impulsionadora é a utilização da nova geração de tecnologias móveis, a rede 5G,
que consiste no suporte de redes do futuro com elevada capacidade de transporte
de dados e com a possibilidade de interligar milhões de dispositivos. Assim, é
possível alavancar a conectividade do país, inserindo-o nas redes globais,
potenciando o know-how, construindo uma plataforma competitiva que
providencie soluções para gerir as cidades inteligentes, para lançar e
dinamizar a Internet das coisas, para potenciar o Big Data e para desenvolver
o ecossistema de inovação, pondo-o ao serviço da transformação da economia.
É
ainda essencial criar condições favoráveis ao setor público para prestar um melhor
serviço e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida ao cidadão. Urge
assim incentivar a adoção, por parte das empresas e do Estado, de instrumentos
mais modernos que contribuam para a criação de mais e melhor emprego e a promoção
da aposta em novos modelos de produção que incorporem as tecnologias associadas
à digitalização.
Em
suma, a crise sanitária mostrou a flexibilidade e capacidade de organização e
adaptação que o sistema tecnológico nacional tem, pelo que, a meu ver, é
imperativo reforçar e consolidar todas as infraestruturas digitais, aumentar o
poder das redes e reforçar as tecnologias de informação e comunicação e também as
competências de gestão.
Penso
que devemos olhar para a pandemia como uma oportunidade de potencializar o
nosso desenvolvimento, apostando na melhoria das qualificações da população e
nas competências digitais da Administração Pública, das instituições e das
empresas. Só assim conseguiremos enfrentar este desafio, reinventando-nos e
recuperando a economia, tornando-a mais eficiente, inclusiva, inovadora e mais
interconectada.
Ana Sofia Prelado Diogo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]
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