A economia circular consiste num modelo económico regenerativo e restaurador onde os recursos são geridos de modo a preservar o seu valor e utilidade no maior período possível. Assim,
Esta economia assenta numa alternativa sustentável face à economia linear, regida pelo princípio de “produzir- utilizar-deitar fora”. A distinção entre ambas resume-se ao facto de que o lixo de uma se transforma em recursos valiosos na noutra
Visto
que a economia circular representa uma oportunidade de reinventar a nossa
economia, encaminhando-a para a sustentabilidade e competitividade, reconheço
inúmeros benefícios com a utilização da mesma, que abrangem a esfera
empresarial, social e ambiental. As empresas podem alcançar a inovação e a
eficiência, o risco de escassez dos recursos usados é minorado, ficam
protegidas da volatilidade dos preços, otimizam a gestão de resíduos, baixam o consumo
energético e aumentam a sua competitividade.
Olhando
para a sociedade, esta pode adquirir produtos mais duradouros e inovadores,
tendo ainda acesso a novas oportunidades de trabalho. A EU (União Europeia)
estima que a adoção deste modelo crie cerca de 580 000 postos de trabalho.
A economia circular veio ainda reduzir a pegada ecológica das empresas, com a
quebra da emissão de poluentes, fator crucial, na minha perspetiva, para a
preservação do ambiente.
No
contexto da União Europeia, a economia circular tem capacidade para gerar
poupanças na ordem dos €600 mil milhões, representando cerca de 8% do volume de
negócios anual das empresas, e permite reduzir em cerca de 2,4% da emissão de
gases com efeito de estufa.
O
compromisso europeu com a economia sustentável e inovadora é antigo e ganhou dimensões
maiores aquando da adoção da Estratégia de Lisboa, em 2000, cujo objetivo era
atingir a dita “economia verde”. Mais tarde, em 2015, a UE criou a comissão
“Fechar o Ciclo”, que reforçou o apoio à adoção massificada da economia
circular, implementando medidas concretas para os estados membros e suas
empresas.
Em
Portugal, o Ministério do Ambiente é o principal fomentador de apoios aos
agentes na transição para a economia circular, e possui três níveis de atuação:
nas políticas, com instrumentos para o uso eficiente de recursos preservando o
capital natural; no investimento, intervindo no sistema económico com a
definição de instrumentos financeiros e apoios a certos projetos; e no
conhecimento, com a disseminação da informação sobre as práticas mais
sustentáveis e colaboração em I&D.
As
medidas de promoção da economia circular foram consolidadas no Plano de Ação
para a Economia Circular (PAEC) que foi aprovado no final de 2017. Este foi
elaborado com base nos pilares europeus, atuando a nível nacional com a
aplicação de medidas políticas, pondo em prática medidas setoriais, que são
destinadas aos setores com uso intensivo de recursos ou com peso significativo no
meio empresarial, e aplicando ainda medidas de ação regional baseadas em apoios
para o desenvolvimento de soluções.
Nos
dias de hoje, existem, um pouco por todo o mundo, diversas empresas com
projetos circulares. São exemplo disso a Adidas, que produz sapatilhas feitas
com redes de pesca, a Van de Sant, que fabrica mobiliário 75% feito de plástico
reutilizado, a SONAE, que implementou o “Projeto Trevo” para promover as energias
renováveis, e a Aerocircular, que reutiliza aeronaves em fim de vida.
Concluo
assim, que é fundamental olhar para a economia circular como o futuro da
atividade empresarial, sendo esta um processo onde é necessário que as empresas
e o governo caminhem juntos para a sua aplicação no meio empresarial. Tendo em
conta as crescentes preocupações ambientais e de sustentabilidade, considero
que este modelo é a melhor alternativa para combater a pegada ecológica das
empresas e ao mesmo tempo beneficiar as empresas e a sociedade.
Gabriela Carvalho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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