É
inegável considerar que a pandemia COVID-19 teve vários efeitos negativos em
diversos setores da economia, gerando avultadas perdas tanto para as empresas
como para as famílias. Tais prejuízos resultaram, mais concretamente, do estado
de emergência imposto, que levou ao encerramento temporário de muitas empresas
durante a 1ª vaga, sendo que algumas destas não conseguiram suportar essa fase.
A
esperada 2ª vaga da crise pandémica não está a ser abordada da mesma forma do
que a 1ª. De modo a não agravar a crise gerada pela COVID-19, a atividade
económica não foi, até ver, novamente suspensa e as empresas vão continuando a
laborar. Para isto acontecer, estas têm de ter certas restrições, normas,
métodos e novos hábitos que lhes permitam adaptar-se a esta realidade que todos
vivemos. Assim, o uso de máscara, a colocação de desinfetante, o distanciamento
social, o teletrabalho, a adaptação de horários, a testagem, etc. são
fundamentais para a manutenção do funcionamento da economia, evitando a perda
de mais empregos. No entanto, para que seja possível cumprirmos estes
requisitos necessários para podermos continuar a desempenhar as nossas funções
é importante que haja quem nos forneça bens agora essenciais, como máscaras,
luvas, fatos, desinfetante, testes COVID-19, etc., sendo, por isso, na minha
opinião, possível consagrar que existem setores produtivos que vão beneficiando
com tudo isto.
A
elevada procura destes equipamentos de proteção individual durante este ano tem
de ser suportada com uma elevada oferta dos mesmos, tendo as empresas que os produzem
que esforçar-se para darem uma resposta eficaz. Alguns estudos apontam mesmo
que a venda destes materiais aumentou cerca de 30 vezes com a pandemia.
Tornou-se
muito comum vermos a venda de máscaras e desinfetante nos supermercados,
farmácias, lojas, etc. Isto acontece porque, para além de estarmos a falar de
bens fulcrais para o “novo normal”, estamos na presença de um leque de novas
oportunidades de negócio (provenientes de algo que será constante nos próximos
tempos), que certos agentes económicos não podem, a meu ver, deixar de
aproveitar, mesmo que o preço das matérias-primas necessárias tenha aumentado com
a enorme procura verificada.
Têm
sido recorrentes casos como o da Raclac, uma empresa de Vila Nova de
Famalicão, que fornece material médico e que só nos primeiros três meses deste
ano viu as suas vendas de máscaras aumentarem 2312% em relação ao mesmo
trimestre de 2019, e teve uma subida de 30% nas vendas de todos os seus produtos,
ou um fabricante no Reino Unido que registou um grande aumento na procura, com
mais de dois milhões de unidades de desinfetante encomendadas em apenas 10 dias,
quando a empresa geralmente produzia em média de “apenas” 5 a 6 milhões por ano.
Assiste-se também a indústrias que, na impossibilidade de realizarem as suas
atividades produtivas habituais, passaram a dedicar-se à produção de máscaras,
como a Sonix, empresa têxtil de Barcelos, ou de gel desinfetante, como a Super
Bock, de modo a capitalizarem os seus recursos nesta altura complicada.
É
ainda importante referir que o Governo de Portugal aceitou reduzir a taxa de IVA de 23% para 6% sobre
estes produtos, impôs um limite máximo de 15% na percentagem de lucro destes artigos,
procurando evitar a especulação, e atribuiu um regime excecional a todas as
atividades relacionadas (incluindo a importação) com os equipamentos de
proteção individual. Tais medidas, aliadas à enorme oferta e
variedade atual (contrariando a escassez inicial), ajudam a que os preços destes
produtos diminuam, o que, na minha ótica, se torna benéfico para os
consumidores, evitando que haja um certo aproveitamento sobre os mesmos e que
estes tenham despesas maiores e para os produtores, pois ainda poderão vender
maiores quantidades.
Manuel Borges
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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