segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Impactes do terrorismo na economia

 

Nas últimas duas décadas, e não só, o mundo inteiro tem sido alvo de crimes de extrema violência. A título de exemplo, pode-se citar os casos dos atentados de 11 de setembro, em Nova Iorque, de 13 de novembro de 2015, em Paris ou, mais recentemente, a 2 de novembro de 2020, em Viena (Áustria). Todos eles deixaram sequelas, sejam elas físicas e/ou psicológicas, não só para aqueles que os viveram mas, também, para cada um de nós. No entanto, existe um outro lado da moeda…Para além destes efeitos na vida humana, existe outra vertente de grande relevância. Quais os impactes que estes acontecimentos geram na economia?

Pelo que foi apurado, o impacte difere de local para local. Segundo um relatório disponibilizado pela Global Terrorism Index (em 2018), o impacte económico provocado pelo terrorismo atingiu, no ano de 2016, os 84 000 milhões de dólares.

São vários os exemplos europeus que podemos considerar para aferir qual a magnitude do efeito do terrorismo nas economias. E, sobretudo, quanto tempo depois é que estas dão algum sinal de recuperação.

Na Tunísia, após dois atentados ocorridos em 2015, o número de visitantes nesse país sofreu uma queda de 25%, e as suas receitas provenientes do setor turístico também caíram em 35%. A recuperação neste setor apenas pôde ser observada em 2018, ou seja, três anos depois.

Em Paris, logo após os ataques de 13 de novembro, verificou-se uma diminuição na taxa de ocupação dos hotéis (de 21 a 23%). Diminuiu, também, a frequência das salas de espetáculos e nos museus. Embora tenha havido uma ligeira melhoria passado uns meses, foi necessário um ano para recuperar os valores habituais relativos ao turismo em França.

Para além de ter uma grande repercussão num determinado país ou local, o terrorismo pode representar um enorme choque financeiro para as companhias aéreas que possuam rotas com destino para esses mesmos países. A título de exemplo, a Ryanair, após o ataque de Barcelona (Agosto de 2017), com o intuito de limitar as perdas económicas, anunciou descontos variáveis entre os 5 e 7% nas viagens para essa região.

Tendo por base um documento divulgado em 2018 (The fight against terrorism – Cost of Non-Europ Report), estimava-se que, nos 28 países da UE, entre 2004 e 2016, o abalo económico devido ao terrorismo representou um total de mais de 180 000 milhões de euros no PIB da União Europeia, sendo que metade desse valor se referia apenas aos anos de 2013 a 2016. Dos mais atingidos no seu PIB, temos: França, Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Espanha e Grécia.

Se olharmos para o caso de Portugal, de acordo com o mesmo estudo, entre 2004 e 2016, o impacte foi de cerca 33 milhões de euros. Felizmente para nós, num estudo liderado por investigadores da Universidade de Coimbra em conjunto com o Politécnico de Viseu (avaliando o período entre 2002 e 2016), concluiu-se que os atendados ocorridos noutros países resultaram na chegada de turistas a Portugal. Isto acontece porque atentados em grandes mercados recetores, como França e Reino Unido, tendem a desviar turistas de grandes mercados emissores de todo o mundo para o nosso território. Isso decorre, também, de Portugal ser considerado um lugar seguro.

Medidas europeias tais como o melhor controlo de armas de fogo e, também, a melhoria no intercâmbio de informações são ações que ajudam nesta luta contra o terrorismo.

A meu ver, a prevenção será sempre o melhor investimento no que diz respeito a este combate. Importa sensibilizar a comunidade para que sejamos cautelosos e que fiquemos em alerta para os sinais deste fenómeno porque, afinal, mais vale prevenir do que remediar.

Embora os esforços e recursos para o combate antiterrorista tenham aumentado ao longo dos anos, não parece ser suficiente para travar esta “guerra”. A verdade é que não conseguimos prever quando nem onde um ataque irá ocorrer, muito menos a repercussão que este irá ter quer na economia bem como na vida das pessoas. Daí toda a incerteza que advém deste tema…

 

Julie Cima Mejanes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]

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