A pandemia COVID-19 veio provocar uma queda drástica da procura por transporte aéreo, tanto de passageiros como de carga, sendo que no caso do transporte de carga a queda foi menos acentuada. As medidas de contenção ameaçaram, fortemente, a viabilidade de muitas empresas do setor do transporte aéreo e de toda a restante indústria da aviação.
O
transporte aéreo está ligado a atividades de outros setores, mais concretamente
aeroportos, fabrico de aeronaves e de petróleo refinado, sendo, por isso, um
setor essencial para outras atividades económicas.
As
restrições de viagens, a mudança de comportamento dos passageiros e a
consequente crise económica, provocada pela pandemia, originaram uma queda drástica
na procura de serviços aéreos. Como vemos no gráfico acima, de acordo com a
IATA, o transporte de passageiros caiu 90% em abril de 2020, comparando com o
mesmo período do ano anterior. O colapso da atividade económica e do comércio
afetou também, fortemente, o transporte aéreo de carga, que foi quase 30% menor
em abril relativamente ao ano anterior.
A
combinação destes choques negativos na procura e na oferta e a incerteza em
torno das perspetivas de médio prazo criaram um clima de insegurança para as
companhias aéreas que, consequentemente, afetou toda a indústria da aviação.
Além disso, o setor continua exposto a novas restrições, a fim de enfrentar a
segunda vaga de infeções.
No
entanto, antes desta crise económica, as companhias aéreas já se encontravam em
situações díspares. O transporte aéreo é dos setores com maior dispersão na
produtividade e na lucratividade entre empresas e, por isso, é frequentemente
alvo de intervenções políticas.
Em
agosto de 2020, os governos dos países da OCDE forneceram cerca de 160 biliões
USD em apoio ao setor aéreo, como é possível observar no gráfico acima. Quase
dois terços desse apoio consiste em ajuda direta, como, por exemplo, subsídios,
empréstimos e injeção de capital, enquanto 25% assume a forma de subsídios
salariais. No entanto, a crise pandémica reforçou alguns dos fundamentos que
eram anteriormente utilizados para justificar o apoio à indústria da aviação.
Posto
isto, do meu ponto de vista, e de modo a promover um setor sustentável para a
indústria da aviação, as políticas governamentais devem encontrar um equilíbrio
entre o apoio ao setor da aviação e a necessidade de preservar a concorrência,
ou seja, devem preservar a dinâmica dos negócios e permitir a saída dos mesmos.
Como a procura pode ser estruturalmente diferente daquela antes da crise e
possivelmente menor, os governos devem promover a reestruturação e evitar o
apoio a empresas não viáveis.
É
de realçar que as políticas não devem estimular a procura de aeronaves por
parte de companhias aéreas, pois os custos adicionais podem comprometer a
solvência destas mesmas empresas. Além disso, é fundamental que todas as
medidas tomadas pelos governos em resposta à crise COVID-19 no setor da aviação
estejam integradas nas estratégias de transição de baixo carbono implementadas
em muitos países da OCDE.
Assim
sendo, na minha opinião, deve-se incentivar os investimentos na Green Transition e, assim, aumentar a
resiliência de longo prazo da indústria da aviação e suportar as decisões que se
tomem no sentido de melhorar o ambiente, pois é importante abordar a
sustentabilidade de todo o setor, incluindo fabricantes de aeronaves e
aeroportos.
Ana Teles
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]
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