Depois de quase um
ano de ser declarada a pandemia da Covid-19, a situação do mercado imobiliário
em Portugal dá sinais de abrandamento e futuro “incerto”. Numa altura em que o
PIB atingiu mínimos históricos muito afetado pelo turismo, o mercado
imobiliário pode perder alguma força. Porém, novas tendências indicam uma maior
construção, e consequente oferta, nos concelhos vizinhos de Lisboa e Porto.
Segundo opinião
escrita no Jornal de Negócios, “em termos percentuais o mercado viu a sua
atividade diminuir em cerca de 21,6% em volume e em cerca de 15,2% em valor”,
concluindo-se que “o impacto da pandemia afetou sobretudo os segmentos e as
tipologias mais baixas do mercado, daí se explicará a variação negativa em
volume ter sido maior que a variação em valor”. No mesmo artigo, pode ler-se
também que, “não nos esperará nenhuma catástrofe mas as perspetivas terão de
ser bastante moderadas, tendo-se mesmo de considerar que o mercado possa perder,
este ano, entre 5 a 8% da sua atividade.”
É verdade que
os preços das casas à venda subiram 10,3% em Portugal no primeiro
trimestre de 2020, face ao mesmo período do ano passado, uma boa notícia para
as imobiliárias, sendo que os números
já contemplam o mês de março, marcado pela chegada da pandemia a
Portugal. E mais: nos primeiros três meses do ano, foram vendidos 43.532
imóveis, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Contudo, “enquanto em janeiro e fevereiro de 2020 se observaram aumentos homólogos
do número de transações (9,4% e 3,5%, respetivamente) e do respetivo valor
(21,5% e 13,5%, pela mesma ordem), em março o número de transações e o
respetivo valor reduziram-se 14,1% e 3,3%, face ao mesmo mês de 2019”, e
constatou que no 2º trimestre de 2020 a desaceleração poderá ter sido
condicionada pelas restrições impostas pelo estado de emergência, que motivou
algumas situações como o adiamento de escrituras, o encerramento
dos estabelecimentos ao público e o impedimento de realizar de visitas presenciais
a imóveis.
Contudo, e apesar do
cenário ainda cinzento, podemos olhar para este mercado como um porto seguro,
sendo o imobiliário um ativo que, normalmente, valoriza no longo prazo. É
ainda difícil prever o que pode vir acontecer no imobiliário residencial e
turístico, mas parece-me que existirão muitas oportunidades depois desta
pandemia. As habitações que se encontram bem localizadas e que estejam
afastadas das grandes cidades serão cada vez mais procuradas.
Esta procura por
localizações fora dos centros urbanos está diretamente relacionada com o momento
atual, em que valorização dos espaços exteriores e a qualidade da nossa casa se
torna evidente. Adicionalmente, uma das principais tendências do pós-covid é a
procura crescente por propriedades rodeadas pela natureza ou com fácil acesso a
amplos espaços verdes e ar puro, onde os residentes se sintam em segurança do
ponto de vista físico e sanitário e onde possam passar tempo de qualidade em
família, em comunhão com a natureza e com tranquilidade.
Em suma, incertezas à
parte, o mercado imobiliário continuará a ser o mercado imobiliário, isto é,
grandes oportunidades em períodos de recessão, com especulação de uma
valorização a longo-prazo e a tendência de “fuga” dos grandes centros, procurando
zonas mais periféricas, zonas menos movimentadas, zonas com mais espaços
verdes.
João Manuel Martins da Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]
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