terça-feira, 2 de novembro de 2021

A volatilidade dos preços dos combustíveis

        Após a revolução industrial, o mundo tornou-se dependente de energia para sustentar o modo de vida que a sociedade adquiriu.  Atualmente, os combustíveis fósseis são indispensáveis no nosso quotidiano. O petróleo e os seus derivados são utilizados em todos os ramos cruciais, como por exemplo nos transportes, onde as pessoas e mercadorias se deslocam, na indústria, para o funcionamento de maquinaria ou até no consumo privado das famílias.

A constante alteração no preço dos combustíveis é algo a que os portugueses já se habituaram nos últimos tempos, tendo em conta os aumentos e descidas semanais dos preços em Portugal. Devido à grande procura e dependência por parte das nações, qualquer variação no preço do barril do petróleo implica uma notável flutuação no preço dos bens. Uma das possíveis causas apontadas para esta volatilidade de preços é a diminuição dos “stocks” de petróleo, causada pela instabilidade vivida no Médio Oriente e agravada, muitas das vezes, pela desvalorização do euro face ao dólar.

Portugal é considerado um dos países da UE onde as famílias despendem uma maior percentagem do seu rendimento em combustíveis. Assim, as famílias portuguesas são mais vulneráveis às subidas de preços registados nos mercados internacionais de energia. Um aumento no preço dos combustíveis traduz-se numa diminuição do poder de compra dos portugueses. A tendência a que assistimos é a do aumento da procura dos postos de combustíveis com preços mais baixos, o que explica o facto de muitos portugueses atravessarem a fronteira para abastecer em Espanha, pois a diferença de 10 cêntimos por litro no preço do gasóleo e de 20 cêntimos na gasolina, conforme adiantou o Jornal de Negócios, têm bastante impacto no rendimento dos portugueses.

Muitas são as vozes que se levantam dizendo que Portugal tem um dos combustíveis mais caros da União Europeia. Mas porquê? Porque é que a Espanha, por exemplo, consegue praticar preços mais baixos que Portugal? A resposta está na elevada carga fiscal praticada em Portugal sobre os combustíveis, nomeadamente o IVA e o ISP. Segundo o Jornal de Negócios, a diferença do preço do gasóleo, sem impostos, era de 4 cêntimos por litro entre Portugal e Espanha, e na gasolina era de 2 cêntimos. Depois de aplicados os impostos, a diferença passa a ser de 10 cêntimos e de 24 cêntimos por litro, respetivamente.

Apesar da liberalização do mercado de combustíveis em Portugal, o governo português não pode continuar com uma atitude passiva. Os combustíveis representam um custo acrescido para toda a economia nacional, pois os custos energéticos acabam por ter um peso muito elevado na competitividade do país. O governo Português pode tomar medidas no sentido não só de reduzir a carga fiscal como também de promover uma atitude pró-ativa das empresas petrolíferas para que estas não repercutam todo o efeito dos aumentos dos combustíveis nos portugueses. Enquanto as entidades responsáveis não decidirem atuar, os grandes prejudicados serão sempre os portugueses e as empresas que precisam dos combustíveis para continuar a sua atividade, como, por exemplo, o setor dos transportes, onde existem muitos postos de trabalho em risco.

Nos dias que correm, devido ao custo elevado e à poluição ambiental resultante da produção dos combustíveis fósseis, é importante apostar na eficiência energética, como, por exemplo, nos biocombustíveis, na eletricidade ou no hidrogénio. Com isto, haveria uma diminuição da dependência externa portuguesa e os efeitos do aumento do preço dos combustíveis seriam atenuados no rendimento das famílias e empresas portuguesas. A redução da utilização de produtos derivados de petróleo também iria permitir dinamizar outros setores de energia e fazer com que a economia mundial se desprendesse das flutuações do preço dos combustíveis.

Assim, em forma de conclusão, posso afirmar que, do meu ponto de vista, é obrigatória uma gestão eficaz do uso dos produtos petrolíferos, uma vez que, como podemos perceber, são um dos principais “condutores” do comportamento da economia.


Juliana Castro

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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