Após a revolução industrial, o mundo tornou-se dependente de energia para sustentar o modo de vida que a sociedade adquiriu. Atualmente, os combustíveis fósseis são indispensáveis no nosso quotidiano. O petróleo e os seus derivados são utilizados em todos os ramos cruciais, como por exemplo nos transportes, onde as pessoas e mercadorias se deslocam, na indústria, para o funcionamento de maquinaria ou até no consumo privado das famílias.
A
constante alteração no preço dos combustíveis é algo a que os portugueses já se
habituaram nos últimos tempos, tendo em conta os aumentos e descidas semanais
dos preços em Portugal. Devido à grande procura e dependência por parte das
nações, qualquer variação no preço do barril do petróleo implica uma notável
flutuação no preço dos bens. Uma das possíveis causas apontadas para esta
volatilidade de preços é a diminuição dos “stocks” de petróleo, causada pela
instabilidade vivida no Médio Oriente e agravada, muitas das vezes, pela
desvalorização do euro face ao dólar.
Portugal
é considerado um dos países da UE onde as famílias despendem uma maior
percentagem do seu rendimento em combustíveis. Assim, as famílias portuguesas
são mais vulneráveis às subidas de preços registados nos mercados
internacionais de energia. Um aumento no preço dos combustíveis traduz-se numa
diminuição do poder de compra dos portugueses. A tendência a que assistimos é a
do aumento da procura dos postos de combustíveis com preços mais baixos, o que
explica o facto de muitos portugueses atravessarem a fronteira para abastecer
em Espanha, pois a diferença de 10 cêntimos por litro no preço do gasóleo e de
20 cêntimos na gasolina, conforme adiantou o Jornal de Negócios, têm bastante
impacto no rendimento dos portugueses.
Muitas
são as vozes que se levantam dizendo que Portugal tem um dos combustíveis mais
caros da União Europeia. Mas porquê? Porque é que a Espanha, por exemplo, consegue
praticar preços mais baixos que Portugal? A resposta está na elevada carga
fiscal praticada em Portugal sobre os combustíveis, nomeadamente o IVA e o ISP.
Segundo o Jornal de Negócios, a diferença do preço do gasóleo, sem impostos,
era de 4 cêntimos por litro entre Portugal e Espanha, e na gasolina era de 2
cêntimos. Depois de aplicados os impostos, a diferença passa a ser de 10
cêntimos e de 24 cêntimos por litro, respetivamente.
Apesar
da liberalização do mercado de combustíveis em Portugal, o governo português
não pode continuar com uma atitude passiva. Os combustíveis representam um
custo acrescido para toda a economia nacional, pois os custos energéticos
acabam por ter um peso muito elevado na competitividade do país. O governo
Português pode tomar medidas no sentido não só de reduzir a carga fiscal como
também de promover uma atitude pró-ativa das empresas petrolíferas para que
estas não repercutam todo o efeito dos aumentos dos combustíveis nos
portugueses. Enquanto as entidades responsáveis não decidirem atuar, os grandes
prejudicados serão sempre os portugueses e as empresas que precisam dos
combustíveis para continuar a sua atividade, como, por exemplo, o setor dos
transportes, onde existem muitos postos de trabalho em risco.
Nos dias
que correm, devido ao custo elevado e à poluição ambiental resultante da
produção dos combustíveis fósseis, é importante apostar na eficiência
energética, como, por exemplo, nos biocombustíveis, na eletricidade ou no
hidrogénio. Com isto, haveria uma diminuição da dependência externa
portuguesa e os efeitos do aumento do preço dos combustíveis seriam atenuados no
rendimento das famílias e empresas portuguesas. A redução da utilização de
produtos derivados de petróleo também iria permitir dinamizar outros setores de
energia e fazer com que a economia mundial se desprendesse das flutuações do
preço dos combustíveis.
Assim,
em forma de conclusão, posso afirmar que, do meu ponto de vista, é obrigatória
uma gestão eficaz do uso dos produtos petrolíferos, uma vez que, como podemos perceber,
são um dos principais “condutores” do comportamento da economia.
Juliana Castro
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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