Após
atingir um máximo histórico dos últimos anos, quando em Janeiro atingiu os
17,6%, a taxa de desemprego em Portugal tem vindo a diminuir lentamente, sendo
que o mais recente valor indica a redução de uma décima entre Julho e Agosto,
segundo o Eurostat, sendo esta, segundo a mesma fonte, a sexta variação
negativa da taxa de variação em cadeia para este indicador, quer isto dizer
que, desde o mês de Março, a taxa de desemprego tem vindo a diminuir face ao
mês anterior. Face a isto, governo e oposição têm visões divergentes. De que
lado está a razão?
A
oposição tem argumentado que estes valores se devem a sazonalidade, já o
governo, naturalmente, tem uma visão mais otimista, ainda que bastante
cautelosa, defendendo que este pode ser o início da recuperação.
Não há
dúvida, e ninguém pode negar que, tradicionalmente, os meses de Julho, Agosto e
até Setembro são caracterizados por bastante emprego sazonal, quer por motivos
de férias, quer pelo aumento da oferta de emprego devido à incidência do
turismo, o que pode levar a algum desacerto dos valores para os meses em questão. Contudo ,
podemos verificar que é a meio ano que a taxa de desemprego tem diminuído, o
que leva a algum otimismo, que se pode dizer justificado, por parte do governo,
apesar de se verificar que entre Março e Agosto, o taxa de desemprego só
reduziu em 1 ponto percentual.
Uma
outra abordagem da situação tem a que com a primeira taxa de variação em cadeia
negativa, que ocorreu em Março, registando uma queda de 1 décima percentual, e
desde esta data até hoje, mensalmente, o desemprego tem diminuindo. Apesar de
parte desta diminuição poder ser explicada pelos meses de verão, Março, Abril e
Maio, não estão incluídos nesta lista, e não é comum verificar-se sazonalidade neste
período nem algum aumento significativo do turismo, o que leva a crer que estas
diminuições podem, de facto, representar uma viragem a nível de emprego.
Uma
abordagem mais negativa, e salientada pela oposição, tem a ver com a subida do
desemprego no último ano, ou seja, a taxa de variação homóloga, que compara o
valor do desemprego atual com do valor ao mesmo período do ano passado, esta,
sim, é positiva, bastante positiva. Por exemplo, segundo dados do INE, entre o
segundo trimestre de 2012 e o segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego
subiu 1.4 pontos percentuais, que representam uma t. v. h. de 9,3%, isto é,
entre os primeiros trimestres destes dois anos subiu 2.8 pontos percentuais.
Estes valores são bastante elucidativos quanto a perda de emprego que se tem
verificado no país neste último ano e meio, o que leva a que a oposição tenha a
sua razão quando afirma que a situação do desemprego não apresentou qualquer
melhoria.
Segundo
os dados apresentados pelo INE, a descida da taxa de desemprego entre o 1º e o
2º trimestres deste ano foi de 1,3 pontos percentuais, ao passo que as subidas
entre os trimestres anteriores tinham sido a um ritmo inferior, por exemplo
entre o 3º e 4º trimestres de 2012
a subida da taxa foi de 1,1 pontos percentuais, o que
leva a verificar que, por agora, a ritmo de decréscimo da taxa de desemprego é
maior do que aquele que foi o ritmo de subida nos trimestres anteriores, o que faz
deste um indicador bastante positivo. Faço ainda uma referência a taxa de
desemprego jovem, que recuou para 36,8% em Agosto, face aos 37,7% em Julho, o
que representa uma redução de 0,9 pontos percentuais nas pessoas com menos de
25 anos.
Para
finalizar, na análise destes valores, convém não esquecer que a população ativa
em Portugal tem vindo a diminuir, e, segundo as estatísticas do Banco de Portugal,
esta tem, tendencialmente, vindo a diminuir desde o início do ano de 2010.
Será
agora o início do fim desta crise?
Certamente,
os próximos meses nos darão respostas mais concretas, com o fim da
sazonalidade, e a possível redução do IRC que o governo poderá implementar.
Nuno Miguel Gomes de Araújo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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