sábado, 19 de outubro de 2013

Portugal nos dias de hoje

Portugal, ao longo das últimas décadas, tem-se deparado com um redução do consumo e do bem-estar, devido a uma crise que está a ultrapassar. É nos últimos 13 anos que se tem encontrado um maior agravamento do estado do país, falta de crescimento económico, uma taxa de desemprego a atingir altos níveis, sendo ele composto maioritariamente pelo desemprego jovem, subidas os impostos, observando-se que Portugal é um dos países da Europa que tem uma maior carga fiscal sobre as famílias. Uma das maiores preocupações dos portugueses é a queda do rendimento, e o nosso país é um dos que apresenta situações de mais desigualdade da UE. É também conhecido que a situação atual foi desencadeada pelos sistemáticos endividamentos, ficando assim com uma divida pública crescente, que põe em causa a sustentabilidade do país.
O que seria agora necessário era fazer em pouco tempo o que não se fez nos últimos 13 anos. Daí que, sendo a mudança necessária, através de mais austeridade se tornam as previsões muito pessimistas.
Esta crise, que parece não ter fim, é uma crise global, muito por causa das importações. Na minha opinião, Portugal investe uma grande parte no sector terciário, esquecendo-se do sector primário e secundário, que são muito importantes para a nossa subsistência. Um exemplo muito explicativo é o caso da pesca: Portugal, com cerca de 80% de costa marítima, importa peixe. Outro exemplo tem a ver com a agricultura: a percentagem de produtos agrícolas importados é muito grande e as famílias optam por comprar estes produtos porque são mais baratos do que os produzidos internamente. Mas tudo isto já vem de há alguns anos. Portugal não está a corrigir os erros do passado, nomeadamente no que diz respeito à aposta em sectores essenciais da economia, e com as recentes políticas de austeridade está a estrangular aquela que parece ser uma das soluções iminentes para sair do caos em que se encontra - aumentar as exportações e reforçar a competitividade. Assim, é necessário incentivar o desenvolvimento dos sectores primários e proceder a uma rápida alteração nos nossos padrões de consumo. Portugal não está a aproveitar os recursos existentes.
Somos um povo muito acomodado e ninguém faz nada para mudar. O “Governo da Austeridade” não está a criar os incentivos necessários, mas, por outro lado, a mentalidade dos nossos empresários, que procuram o lucro a muito curto prazo e não investem no desenvolvimento de infraestruturas estáveis, está a dificultar a reconversão da Economia.
Esta é uma crise mundial, que países como os EUA também estão a sofrer, mas com menor intensidade. Contudo, note-se que isto não é fruto do acaso. Toda a história do nosso país, desde o tempo da máquina a vapor até aos dias de hoje, influencia a forma como hoje estamos a ser afetados. Os nossos problemas estruturais não tiveram início dos dias recentes, e nem mesmo no século corrente. Estão de tal forma enraizados na nossa história que será preciso muito mais que políticas de austeridade para os ultrapassar.
Associa-se também esta crise ao facto de Portugal ter aderido ao euro, facto que não concordo, pois a adesão ao euro foi importante, sendo o objetivo inicial desta moeda facilitar as transações. O que leva as pessoas a acreditar que o euro é uma má moeda é que o momento de adesão coincidiu com uma década de fraco crescimento económico e estagnação, que coincidiu ate à atualidade.
O contexto atual português torna as previsões muito pessimistas. Tudo é possível e as más notícias são prováveis.  

Marisa Oliveira Couto 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]

Sem comentários: