quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Internacionalização: solução ou ameaça?

          O consumo de recursos financeiros e humanos escassos torna a internacionalização um caminho arriscado. Desta forma, a internacionalização não deve ser entendida como uma resposta a um possível insucesso no mercado nacional, nem deve ser um acto precipitado aquando de uma abundância de recursos financeiros durante um período curto de tempo. Deve sim ser entendida como uma forma de expansão de vantagens já exploradas no mercado nacional ou em outros mercados pela via da exportação de uma forma bem sucedida. Assim, os casos de internacionalização permitem identificar fontes de vantagem competitivas e posições de importância no mercado nacional, sendo que, por norma, um considerável número de empresas já haviam partilhado experiências com o exterior.
            Para muitos, a crise financeira instalada pode ser vista como uma oportunidade de comércio e de expansão dos negócios. No caso português, a solução para ultrapassar a crise poderá ter por base a internacionalização, inovação, liderança e integração, tendo em conta que o mercado nacional não tem dimensão suficiente que permita às empresas evoluírem e, desta forma, é necessária a descoberta de novos mercados.
            Em Portugal, já se começam a assistir a pequenos passos para o caminho da inovação. No entanto, não basta apenas a criatividade na produção de novos produtos (de notar que, por mais de uma vez, houve portugueses cujo trabalho criativo foi premiado, como os dois jovens que venceram o concurso internacional “Interior Deck Awards 2013”) mas também é necessário o acesso a mercados com poder económico e espírito pioneiro, bem como a existência de empresas com capacidade de gestão e capacidades financeiras adequadas à inovação.
            É verdade que Portugal já tem a sua quota parte em insucessos na internacionalização. Este insucesso pode resultar, por vezes, de um sucesso excessivo que não permite que haja uma capacidade de resposta suficiente para o nível elevado de procura. Outras vezes, por individualismo de investidores que assumem todos os custos sozinhos quando estes podiam ser partilhados de forma a tornar a situação estável e sustentável.
            No entanto, e mesmo sendo uma experiência considerada recente, já foi possível demonstrar que é realmente uma possibilidade a oportunidade de descobrir novos caminhos e que estes sejam percorridos de uma forma cada vez mais segura, que permita chegar ao sucesso. De forma a comprovar, temos o exemplo de empresas portuguesas de têxtil e vestuário (confirma-se com os valores obtidos no primeiro semestre deste ano, relativamente às exportações de calçado, que ultrapassaram os 813 milhões de euros, o que traduz um crescimento de 4% face ao mesmo período de 2012), onde as que apresentam uma melhor situação económica e que têm um projecto de crescimento são precisamente as que entenderam os mercados externos como uma oportunidade e não como uma ameaça.
            Procurar mercados onde há compradores interessados nos produtos e serviços, estando estes em mercados maduros ou emergentes, e também adquirir matérias-primas e até mesmo produtos finais de forma a aumentar a competitividade bem como a diversidade de artigos que possam ir de encontro as necessidades dos clientes é de extrema importância, uma vez que, cada vez mais os consumidores sentem a necessidade de economizar recursos.

Daniela Barbosa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Sem comentários: