Os cortes
no ensino público têm sido uma temática muito falada e muito discutida
ultimamente. O governo decidiu reduzir os custos com a educação e para isso
optou por diminuir o número de escolas e o número de professores por escola,
criando turmas incrivelmente grandes e levando ao aumento do desemprego. A
verdade é que, em média, no ano de 2010, um aluno do ensino primário custou ao
estado 2.299,80€ e um aluno do 2º/3º ciclo ou secundário gerou uma despesa de
4.648,21€. Isto equivale a um custo de 3.890,69€ por aluno, ou seja, a
4.819.008.760,11€ que foram gastos em educação.
Numa
altura de crise e de redução nas despesas públicas e
privadas fazia, e faz, sentido diminuir estes custos. Mas será esta a melhor forma? Será que, aumentar o número de alunos por
turma e o número de horas dos professores é uma boa solução? Ou será que ainda
vai gerar custos maiores a longo prazo?
O
ensino público gratuito é um investimento que o Estado faz nos jovens, na
sociedade. Investimento através do qual espera obter benefícios no futuro.
Alunos bem preparados serão, no futuro, bons profissionais, mão-de-obra
especializada que ajudará o país a desenvolver-se tanto na área científica como
tecnológica. Mas serão estes jovens
ensinados e orientados da melhor forma para serem pessoas responsáveis e
capazes, se na altura mais importante da sua formação não têm professores com
capacidade para os acompanhar mais individualmente?
Turmas tão grandes, tantas horas de trabalho e um
salário que não justifica tanto esforço levarão com certeza a uma diminuição da
qualidade de trabalho destes docentes e isso levará também a um pior
acompanhamento aos estudantes, fazendo deles profissionais piores do que o
esperado, podendo o estado não vir a ser recompensado por tanto esforço e
tantos gastos associados.
Como se todos estes problemas não fossem já
suficientes, há ainda outra questão que se coloca: no ano de 2010, 90.417
alunos (7,3% dos matriculados nos três graus de ensino) reprovaram ou
desistiram dos estudos. Alguns deles por motivos de doença ou de dificuldades
económicas e intelectuais. Mas, na verdade, também sabemos que muitas destas
desistências e reprovações se dão por desmotivação, desinteresse e desrespeito
por parte dos alunos para com os professores e para com as escolas. Existem
actualmente alunos que ficam retidos no mesmo ano escolar por 2, 3 ou até mesmo
4 vezes, levando o Estado a incorrer em gastos 3 vezes superiores ao que era
necessário e aumentando o tamanho das turmas em que vão ficando ano após ano.
Numa altura em que os impostos estão tão na moda,
porque não obrigar esses alunos que reprovam vezes seguidas, sem motivo, a
pagar um imposto, uma multa. Em primeiro lugar, esses alunos iriam começar logo
por ponderar bem se valia a pena andarem a brincar em vez de estudar, sabendo
que, no fim, iriam ter de pagar por essa brincadeira; e, em segundo lugar, se
eles continuassem a fazê-lo, o governo sempre era recompensado de alguma forma
pelo prejuízo causado. Esta medida acabava por diminuir os custos, uma vez que
a taxa de reprovação desnecessária iria diminuir, não havendo alunos a gastar
duas ou três vezes mais e, mesmo que reprovassem, sempre compensavam com esse
pagamento pelo que o Estado não ficaria encarregue de toda a despesa.
Claro que esta medida não diminuiria os custos no
mesmo montante que se diminuiu ao criar turmas enormes e ao despedir
professores, mas podia ser uma forma de atenuar esse processo e de tornar o despedimento
e a criação de turmas demasiado grandes algo menos penoso para o ensino
obrigatório.
Adriana
Daniela Santos
Fonte
Bibliográfica:
http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2012/2s/audit-dgtc-rel031-2012-2s.pdf
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário