Os desequilíbrios económicos que Portugal suporta desde há muitos anos – e que a entrada no Euro aceleraram – deixaram o país mais vulnerável às crises internacionais. O posicionamento de Portugal, segundo as estatísticas internacionais, tem vindo a degradar-se.
O Euro tem vindo a valorizar-se relativamente a outras moedas de referência no mercado global, nomeadamente o Dólar americano, colocando dificuldades adicionais à penetração dos produtos portugueses nos mercados internacionais. Na origem destas dificuldades está o problema da competitividade e da produtividade, que lhe está associada.
A competitividade é uma variável importante porque dela depende o emprego e o equilíbrio externo. Contudo, não garante a melhoria do nível de vida, que é o objetivo último da política económica. Pelo contrário, uma economia pode permanecer competitiva e assistir à deterioração do seu nível de vida. A relevância da competitividade depende, pois, de com quem se quer competir. Se se quiser competir com economias de baixos custos salariais, bastará ajustar em baixa os níveis salariais praticados. O mesmo abaixamento sucederá, no entanto, ao nível de vida geral da comunidade. A Economia tornar-se-á competitiva, mas a comunidade ficará mais pobre.
O mecanismo através do qual a manutenção da competitividade se coaduna com a deterioração dos níveis de vida é normalmente através da desvalorização da moeda. Este mecanismo provoca a redução dos valores dos rendimentos, incluindo os salários, e da riqueza nacionais, em termos do seu poder de compra internacional. Os ativos nacionais tornam-se também mais baratos para aquisição por estrangeiros.
Embora a desvalorização permita, nalguns casos, melhorias do nível de vida, isso trata-se de um fenómeno de curto prazo. Isto é, um país pode enfrentar um problema temporário de desemprego por perda da sua competitividade e desvalorização de moeda. A melhoria duradoura do nível de vida terá, pois, que ser sustentada pela produtividade. Só por esta via um país pode, simultaneamente, ser competitivo e progredir na escala do nível de vida.
De facto, a melhoria do nível de vida alcança-se através da obtenção de mais bens e serviços, mantendo o esforço necessário para essa obtenção. Isso significa que os agentes económicos têm que dispor de mais rendimento com o mesmo trabalho, o que só se consegue se esse trabalho, por sua vez, gerar mais rendimento, ou seja, aumentando a produtividade.
Isto reforça o entendimento da noção da produtividade, que não diz respeito apenas à utilização direta do factor-trabalho, mas antes abrange a utilização de todos os recursos colocados à disposição, incluindo-se neste conjunto factores imateriais, como a organização das empresas e do Estado.
Podemos assim concluir que a competitividade é um factor chave – sobretudo numa pequena economia aberta como Portugal – se se quiser manter elevado o nível de emprego e as contas externas equilibradas.
Portugal só conseguirá progredir no seu processo de convergência real se conseguir que a sua produtividade cresça mais rapidamente que a média europeia. Só deste modo, também, os nossos salários poderão convergir para os “níveis europeus”.
Sofia Pinto e Castro Rodrigues Resende
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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