domingo, 13 de outubro de 2013

Natalidade em Portugal: indicadores e impato na Economia

Muito se tem discutido as taxas de natalidade portuguesas ao longo dos últimos anos, argumentando que esta não é suficientemente elevada. Logo, a taxa de renovação da população portuguesa não é suficiente de forma a que o envelhecimento da população seja controlado. Colocando tudo isto em números, a taxa bruta de natalidade em 2012 foi de 8,5%º, menos 2,5 pontos comparando com os números de 2002. Os dados revelam-se ainda mais assustadores quando é abordada a taxa de envelhecimento em Portugal, que era de 103,3%, e em 2012 passou para 129,4%. Isto apenas para fazer um enquadramento periódico de 10 anos, pois caso estes indicadores sejam comparados com meados dos anos 90, temos uma taxa de natalidade de 24,1%º e uma taxa de envelhecimento de 27,3%º.
A verdade é que mesmo com o governo a começar a notar o problema demográfico que estamos a ultrapassar, e mesmo com a implementação de medidas de apoio a famílias numerosas, o que a meu ver não é suficiente, visto que a generalidade das famílias em Portugal tem no máximo dois filhos; e mesmo tendo sido Portugal considerado um dos melhores países para se ser mãe, segundo o ranking elaborado pela Save the Children, ocupando o 13º lugar, tendo sido analisados 176 países onde foram tidos em conta critérios como a taxa de mortalidade infantil, que em Portugal é de  cerca de 3 crianças em cada 1000, o salário médio anual, escolaridade e ocupação de cargos de topo pelas portuguesas, a taxa de natalidade continua a cair e a população a envelhecer.
Ora, tudo isto trás consequências para a economia e sociedade portuguesas. Menos crianças e mais pessoas idosas implica um menor consumo, tendo em conta que a população jovem é mais dinâmica, mais produtiva e criativa, há perda a nível de social e económico, verificando-se também um aumento do desequilíbrio populacional, sendo que a população ativa tem vindo a diminuir enquanto que população na idade da reforma tem aumentado, o que leva a questões de sobrevivência da segurança social e certos serviços públicos.
Toda esta conjuntura atual, cortes nas despesas públicas com consequente efeito sobre o rendimento disponível do agregado familiar, como expectável, as famílias com filhos foram as que mais sentiram o impacto. O bem-estar familiar fica assim comprometido e o desenvolvimento do país é colocado em causa. Já para não falar da segurança social, que a médio/longo prazo sofrerá. A questão colocada é quando será este médio/longo prazo. Caso não sejam tomadas medidas consistentes, com o aumento da população envelhecida verificado, que consequentemente implica pensões e maiores despesas em saúde, e tendo também em conta o elevado número de desempregados a quem é necessário o pagamento de subsídios de desemprego, esta situação tornar-se-á insustentável a médio/longo prazo, isto é num futuro próximo.
Com as atuais políticas económicas e sociais, torna-se difícil dizer a uma família para aumentar o seu agregado familiar sabendo que poderá passar por dificuldades e, pior, que o desenvolvimento das crianças poderá estar comprometido. Neste momento, acredito que não será possível dar confiança e estabilidade às famílias portuguesas, e que, para tal, será necessária uma alteração profunda das políticas vividas agora em Portugal. Assim, como tenho lido em vários artigos, e já há algum tempo, espera-se que os cravos vermelhos e a ”Grândola, vila morena” tragam alguma esperança às famílias portuguesas.

Susana Raquel Martins Freitas

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/Uminho]

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