O governo anunciou uma possível medida de cortes
no subsídio de alimentação, assim como em ajudas de custo e trabalho
suplementar.
Parece que vale tudo para diminuir a despesa
pública, num país tão saturado de medidas com o mesmo fim (a prova disso serão as
eleições autárquicas que se deram no passado dia 29). As políticas restritivas
implementadas ao longo destes anos levaram a um governo completamente
descredibilizado perante o povo, isto é, não existe nenhum português que
acredite que as medidas tomadas nos ajudem a superar esta crise. O falhanço
consecutivo das políticas governamentais só têm provocado um agravamento de
vários problemas sociais, sendo o principal de todos o desemprego. Seria de
esperar portanto uma alteração do tipo de medidas implementadas para combater a
situação que vivemos, mas em vez disso agrava-se a austeridade.
A medida proposta deveria entrar em vigor a
partir de 2 de Dezembro. Seria ela a seguinte: diminuição do salário de alguns
trabalhadores em 100€ ao final do mês. Adicionalmente, qualquer funcionário
público passaria a receber 4,27€ diários como subsídio de alimentação. O sector
mais afetado seria o dos transportes, onde a redução chegaria a ser de 133€
mensais. Esta medida abrangeria cerca de
9500 trabalhadores em todos os sectores públicos.
É de relembrar que no Orçamento de Estado de
2012, o valor limite de subsídio de alimentação que era entregue em dinheiro
tinha passado de 6,41€ para 5,12€, voltando então a baixar este ano para o
valor base, os tais 4,27€. Contudo esta medida não altera o valor limite com
vales de refeição que o trabalhador pode receber, (esse mantém-se nos 6,83€). Com
isto, pode-se dizer que não existe uma redução do subsídio de alimentação, e apenas
uma alteração na forma como este é entregue aos trabalhadores. Pode não ser
errado dizer-se isto, mas é uma forma inexata de expor esta medida. Além de que
não é fácil para mim perceber a utilidade desta proposta. O estado com isto num
ano pouparia entre 5 a
9 milhões? Eu lembro que em 2012 o défice de 3,5% resulta de uma queda nas
receitas de 480 milhões. Olhando para estes dados, não consigo fazer uma
ligação com o que estamos a fazer para voltar a receber os 480 milhões de
receitas que se perderam.
Posto isto, e já esclarecido o corte proposto,
voltamos ao problema inicial que é a dívida pública. É preciso controlar o
aumento da dívida pública, dê por onde der. É justo então concluir que esta
seria uma medida para diminuir o défice e conseguir chegar ao objetivo. O
problema é que uma economia não é só feita de despesa e por isso não é certo
que os cortes na despesa pública façam baixar o défice, pelo menos na
quantidade que seria ótima, a esta conclusão já deveria ter chegado o governo
que nos últimos dois anos só fez descer a despesa pública e não conseguiu impedir
que a economia portuguesa continuasse deficitária. Quando se fala em baixar o
défice é normal que o primeiro impulso seja baixar a despesa pública, mas, para
que uma redução da despesa pública seja eficiente, esta tem de ser bem doseada,
de forma a que esta não interfira com as receitas públicas, e aí é onde se tem
regido o problema deste governo.
José Pedro
Ferreira Coelho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]
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