Dia 22 de Setembro, Angela Merkel
assegurou a sua vitória histórica depois de um indiscutível triunfo nas
eleições federais alemãs. E sim, ela tinha razões para celebrar fervorosamente
a sua vitória: obteve o melhor resultado político em 20 anos, arrasando um dos
seus maiores oponentes com uma vitória quase absoluta (41,5% foi um resultado
bastante impressionante, de acordo com jornais um pouco por todo o mundo).
“Germany is now Merkel-Land”, podia-se ler como título de um dos mais
importantes jornais alemães no dia seguinte.
No entanto, a surpresa deste
resultado não está na vitória em si mas na extensão da mesma. Dentro e fora da
Alemanha, esperava-se que a chanceler alemã ganhasse por uma simples razão:
estes últimos anos, a Alemanha conseguiu escapar à crise económica que
assombrou países por toda Europa. Enquanto se espalhavam notícias de resgates
financeiros e aumentos de impostos, os alemães conseguiram manter-se seguros
que toda esta catástrofe económica estava longe de lhes tocar
directamente.
O que surpreendeu foi que,
aparentemente, Merkel não foi eleita pelos seus feitos políticos. Mais de
metades das pessoas que votaram no seu partido afirmam que votaram na pessoa
que o representava e não nas políticas do mesmo. Apenas uma pequena dimensão
(que não chega a 10%) afirma que votou em Merkel pela sua posição politica. Sem
dúvida que a inteligência da chanceler tem sido apreciada por todo o espectro político
internacional. Merkel foi sem dúvida astuta nestas eleições jogando a,
aparentemente, invencível carta: a Alemanha está bem. Toda a sua eleição foi
orientada através de frases como “A Alemanha está forte. Deve continuar
assim!”. Foi-se gerando um substituto de conteúdo político em prol da sua
imagem e do simbolismo que Merkel representa neste momento para todos os
alemães. E os eleitores cederam. A chanceler alemã tornou-se atualmente na
líder europeia mais influente e popular ao dizer a todos os alemães que eles
não precisam de mudar.
O que aparentemente passou ao
lado de todos os alemães durante estas eleições foram as chamadas de atenção de
senhores como Dieter Schweer (um executivo da Federação das Industrias Alemãs,
tradicionalmente aliado ao partido representado por Merkel) que diz que a
Alemanha “se encontra a viver nas reservas de ontem”. ”Sendo assim, será que a
Alemanha não estará apenas a atravessar uma onda de euforia económica? E
eventualmente esta vai rebentar-lhes em cheio, como aconteceu com resto da
Europa?
Nos próximos 4 anos, a chanceler
alemã fez a promessa de defender a todo o custo a confortável estabilidade
económica da Alemanha, que contrasta com o tumulto económico vivido na zona
euro. Considerando que a chanceler chegou ao poder dando aos Alemães aquilo que
eles mais queriam: enorme destaque na política internacional e crescimento
económico, até que ponto estará Merkel disposta a executar mudanças mais
agressivas na economia doméstica que potencialmente podem debilitar a sua popularidade?
A forma como ela vai abordar
estas questões vai parcialmente depender do partido escolhido para realizar uma
coligação até ao final do mês. Incontestavelmente que os próximos 4 anos vão
testar se a maior economia da zona euro consegue manter-se forte apesar da
possível resistência a uma forte renovação das políticas domésticas e, ao mesmo
tempo, testar a posição de Merkel como uma das líderes mundiais mais
influentes.
Ana Sofia Moura
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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