terça-feira, 22 de outubro de 2013

Eleições Alemãs

Dia 22 de Setembro, Angela Merkel assegurou a sua vitória histórica depois de um indiscutível triunfo nas eleições federais alemãs. E sim, ela tinha razões para celebrar fervorosamente a sua vitória: obteve o melhor resultado político em 20 anos, arrasando um dos seus maiores oponentes com uma vitória quase absoluta (41,5% foi um resultado bastante impressionante, de acordo com jornais um pouco por todo o mundo). “Germany is now Merkel-Land”, podia-se ler como título de um dos mais importantes jornais alemães no dia seguinte.
No entanto, a surpresa deste resultado não está na vitória em si mas na extensão da mesma. Dentro e fora da Alemanha, esperava-se que a chanceler alemã ganhasse por uma simples razão: estes últimos anos, a Alemanha conseguiu escapar à crise económica que assombrou países por toda Europa. Enquanto se espalhavam notícias de resgates financeiros e aumentos de impostos, os alemães conseguiram manter-se seguros que toda esta catástrofe económica estava longe de lhes tocar directamente. 
O que surpreendeu foi que, aparentemente, Merkel não foi eleita pelos seus feitos políticos. Mais de metades das pessoas que votaram no seu partido afirmam que votaram na pessoa que o representava e não nas políticas do mesmo. Apenas uma pequena dimensão (que não chega a 10%) afirma que votou em Merkel pela sua posição politica. Sem dúvida que a inteligência da chanceler tem sido apreciada por todo o espectro político internacional. Merkel foi sem dúvida astuta nestas eleições jogando a, aparentemente, invencível carta: a Alemanha está bem. Toda a sua eleição foi orientada através de frases como “A Alemanha está forte. Deve continuar assim!”. Foi-se gerando um substituto de conteúdo político em prol da sua imagem e do simbolismo que Merkel representa neste momento para todos os alemães. E os eleitores cederam. A chanceler alemã tornou-se atualmente na líder europeia mais influente e popular ao dizer a todos os alemães que eles não precisam de mudar.
O que aparentemente passou ao lado de todos os alemães durante estas eleições foram as chamadas de atenção de senhores como Dieter Schweer (um executivo da Federação das Industrias Alemãs, tradicionalmente aliado ao partido representado por Merkel) que diz que a Alemanha “se encontra a viver nas reservas de ontem”. ”Sendo assim, será que a Alemanha não estará apenas a atravessar uma onda de euforia económica? E eventualmente esta vai rebentar-lhes em cheio, como aconteceu com resto da Europa?
Nos próximos 4 anos, a chanceler alemã fez a promessa de defender a todo o custo a confortável estabilidade económica da Alemanha, que contrasta com o tumulto económico vivido na zona euro. Considerando que a chanceler chegou ao poder dando aos Alemães aquilo que eles mais queriam: enorme destaque na política internacional e crescimento económico, até que ponto estará Merkel disposta a executar mudanças mais agressivas na economia doméstica que potencialmente podem debilitar a sua popularidade?
A forma como ela vai abordar estas questões vai parcialmente depender do partido escolhido para realizar uma coligação até ao final do mês. Incontestavelmente que os próximos 4 anos vão testar se a maior economia da zona euro consegue manter-se forte apesar da possível resistência a uma forte renovação das políticas domésticas e, ao mesmo tempo, testar a posição de Merkel como uma das líderes mundiais mais influentes.

Ana Sofia Moura 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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