quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Mobilidade no Sector da Banca a Retalho em Portugal

Cada vez mais, não só em Portugal como em todo o mundo, a publicidade e o marketing são ferramentas essenciais para a sobrevivência/existência de uma empresa. Como tal, a banca a retalho, como mercado puro que é, não foge à regra e portanto a publicidade e até mesmo a comparação com os restantes concorrentes é a forma encontrada pelas empresas deste sector para concorrerem entre si.
            Assim sendo, seria de esperar que a mobilidade no sector da banca retalhista fosse algo constante e que tivesse números consideráveis. Porém, como demonstra o inquérito, de nome “Report on the Retail Banking Sector Inquiry”, publicado pela comissão europeia em 2007, apenas o pequeno número de 5,4% a 6,6% dos clientes com depósitos à ordem mudam de banco durante um ano, e afirmam mesmo que o número de clientes insatisfeitos é bem maior, fazendo deste sector um sector com um fraco nível de concorrência. 
            Esta pequena mobilidade dos clientes na banca a retalho deve-se essencialmente a dois grandes factores, entendidos como custos, que não permitem a concorrência entre os retalhistas, nomeadamente os custo de pesquisa e os custos de mudança. Nos primeiros, encontram-se todos os custos com a procura de informação sobre determinado banco bem como o que ele nos pode proporcionar, nos segundos, englobam-se um conjunto de custos como os contratuais, os custos psicológicos e ainda, por exemplo, os custos relacionados com a informação assimétrica. De salientar os custos psicológicos, que mesmo sendo difíceis de quantificar e sendo muito variáveis de pessoa em pessoa, são de tão grande importância, dada a possível relação criada entre cliente/banco/gerente. Todos estes custos, principalmente os de mudança, são uma enorme barreira à concorrência, e consequentemente mobilidade, no sector da banca a retalho, pois como sabemos os custos de mudança levam a uma maior rigidez na procura de cada empresa reduzindo assim a concorrência entre empresas a operar no mesmo mercado. 
            Dado a este conjunto de factores e razões, os clientes são levados a acomodar-se, logo a optar sempre pela sua opção inicial, uma vez que todos estes custos têm impacto no bem-estar do cliente. Por exemplo, os custos de pesquisa significam a “perda” de tempo na procura da melhor solução para a sua situação e, como é lógico, esta pesquisa é pessoal, logo significa muitas vezes que o tempo que o cliente dedica à pesquisa da informação necessário para a sua tomada de decisão é tempo abdicado com a sua família ou seus amigos. Daí, nem sempre é fácil para os clientes esta tomada de decisão de pesquisa e possivelmente mudança. 
            Contudo, toda esta falta de mobilidade só prejudica os clientes, portanto é essencial, para um melhor bem-estar social, implementar uma maior concorrência e mobilidade no sector da banca a retalho. Deste modo, existem algumas medidas que podem ajudar a esta melhoria pretendida para o sector em questão, essencialmente no abatimento ou, pelo menos, redução das barreiras à mobilidade em cima referidas. É necessário reduzir os custos de pesquisa, bem como os custos de mudança. Assim, é essencial que haja uma maior quantidade e qualidade de informação, bem como maior facilidade em obtê-la, para que os clientes tenham uma maior noção de preços e condições de contratos, de forma a conseguirem fazer as comparações entre as instituições bancárias. Outro passo importante seria a livre circulação das pessoas entre as instituições, para que estas não sofram entraves à deslocalização de uma instituição para outra, como a abolição ou redução das comissões de encerramento.
            Portugal não foge a nada do que foi escrito nos parágrafos acima e, como tal o nosso sector da banca a retalho encontra-se muito pouco móvel e com sérios entraves à mobilidade, e enquanto continuarmos a ouvir e a ver anúncios publicitários com frases lidas muito rapidamente ou em letras muito pequenas, sem que se consiga entender a cem por cento tudo o que é dito, não é expectável que a situação se vá alterar.
            Em forma de conclusão, termino deixando no ar uma pequena solução que, em minha opinião, poderia ajudar a solucionar as questões referidas até ao momento, que passaria pela criação de um órgão de fiscalização competente que obrigaria os bancos a disponibilizarem toda a informação de uma forma correta. Contudo, é essencial que as pessoas saiam da sua zona de conforto e procurem melhores soluções.
              
Flávio André Gouveia Peixoto 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]

Sem comentários: