sábado, 26 de outubro de 2013

A crise financeira nacional e o declínio económico na Europa

Desde o 25 de Abril, o Estado Português foi crescendo e gastando cada vez mais. O Estado habituou-se a uma subida de gastos permanente. Quando o euro chegou, devido aos juros baixos, também os particulares começaram a gastar e começaram a fazer uma vida regalada com o dinheiro emprestado. Mantivemos um padrão de vida que não correspondia àquilo que nós próprios produzíamos.
A soma desses dois endividamentos foi galopando de uma forma extremamente rápida. A crise internacional de 2008 antecipou o grave problema português, porque trouxe mais dificuldades, para além das que seriam normais.
A crise do euro tem origens profundas. Ela é resultado do arrefecimento das economias, quer da zona euro quer dos Estados Unidos. Estes dez últimos anos mostram a decadência da Europa. Entre 2001 e 2010, a zona euro, no total, cresceu 1,1 por cento anualmente. Os países desenvolvidos do Ocidente, incluindo os Estados Unidos, na primeira década do século XXI, exibiram economias que vieram a arrefecer, devido à desindustrialização,  e é por isso que temos taxas de desemprego elevadas, salários baixos e um empobrecimento geral das sociedades.
Nestes trinta anos, com a liberalização do comércio, as mercadorias passaram a circular livremente entre países. Por conseguinte, passou a ser possível deslocar os capitais para o outro lado do mundo – se uma empresa não dá resultado em Portugal porque a mão-de-obra é cara, desloca os seus capitais e vai para um sítio onde a mão-de-obra é mais barata. Estamos perto de uma estagnação muito prolongada, o que fará com que os salários continuem baixos e o desemprego elevado. Este cenário contrasta com a Europa de há trinta ou de há quarenta anos, quando a economia era muito próspera e crescia seis ou sete por cento, em média.
Todos os anos produzimos menos do que no ano anterior, portanto, não vai existir riqueza para pagar os juros e reembolsar aos credores. A técnica do Estado de ‘injetar’ dinheiro na economia fez com que a despesa pública atingisse 50 por cento do produto. Num contexto de economia aberta, a despesa pública não conseguiu estimular a economia. Quando a despesa pública se traduz num aumento do consumo de importações pelos particulares, esses recursos abandonam a economia nacional. A solução passa por tentar fazer com que os países produzam aquilo de que precisam.
A classe política dirigente falhou, uma vez que não cuidou da economia, assistindo ao abandono da agricultura e à desindustrialização. A economia está em declínio e é incapaz de suportar os gastos do Estado. A redução de salários, a perda de ‘direitos adquiridos’ e o definhamento das indústrias serão as consequências mais diretas do colapso das economias ocidentais.
Os nossos credores olham para nós com a desconfiança de que sejamos capazes de os reembolsar. Estamos, agora, dependentes de terceiros e não poderemos perder esta oportunidade para recolocar o país no caminho que se impõe.

 Maria Luísa Araújo Alves

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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