sexta-feira, 25 de outubro de 2013

“De pouco em pouco se chega ao nada”

Quando escuto certas opiniões sobre o seguirmos uma política de baixos salários dentro das empresas privadas, não consigo deixar de manifestar a minha contestação sobre esta. Qual é a pessoa que tem vontade de ir para o trabalho todos os dias, exercer bem a sua função para depois receber o salário mínimo? Ah, e atenção que nem vou mencionar aqueles que recebem abaixo do salário mínimo, pois, em Portugal, não é possível viver dignamente com o salário mínimo, quanto mais com menos que este. 
Creio que os que apoiam, poucos à luz do dia e bastantes escondidos na sombra, sejamos justos, uma mão-de-obra mais barata não devem compreender a realidade de quem tem contas para pagar, casa, comida, água, luz, carro, e a maior parte filhos para sustentar, e apenas poder “contribuir” com o seu, a meu ver, mísero salário. Reitero a ideia: Alguém que aufere 500 euros ou menos não tem vontade nenhuma de ir trabalhar. 
Mas podem afirmar, tal como já escutei, que ao menos os trabalhadores que ganham o salário mínimo não estão no desemprego. Concordo, tal como acho que toda a gente concordará pois tal como diz o ditado popular “Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”, mas será justificação “aceitar” a ótica dos salários baixos porque é melhor do que estar desempregado? O “roto” ser melhor que o “nu” não justifica ser/estar roto. Infelizmente, para piorar o problema dos salários baixos em Portugal, surge em grande plano o elevado desemprego. 
É tendo por base a minha ideia que remeto à opinião, não só aceite por mim, de que em Portugal assistimos a um problema de produtividade e é combatendo os salários baixos que podemos inverter esta tendência. Uma pessoa motivada a fazer a sua função é completamente diferente para a produtividade de uma empresa. O sentimento de que o seu trabalho, a sua função é corretamente valorizada na empresa contribuirá, em grande parte, para a ausência do absentismo, sobretudo as conhecidas “baixas”, grande obstáculo do aumento da produtividade. Os portugueses são reconhecidos, sobretudo “lá fora”, como excelentes trabalhadores, dedicados, cumpridores, daí que é preciso particularmente que sejam valorizados corretamente e dignamente na sua pátria, coisa que não acontece!

João Roque

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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