Entre 2001 e 2012, a oferta de emprego
média anual disponível nos centros de emprego e formação profissional passou de
6,8 para 3. Na prática, isto significa que, há doze anos, a um desempregado do
município de Ponte da Barca eram propostos, em média, cerca de 7 empregos, ao
longo do ano. No ano passado, apenas 3 (Fonte: IEFP/MSSS, através de
pordata.pt).
A destruição de postos de
trabalho em Ponte da Barca não pode ser justificada pela economia nacional como
um todo ou pela crise internacional. Já entre 2001 e 2009, antes da crise, o
concelho evidenciava uma clara tendência de destruição de postos de trabalho.
Em 2009, dá-se uma recuperação, muito provavelmente devido à política de
estímulos promovida pela UE. No ano seguinte, os dados mostram que a destruição
de postos de trabalho regressou e com maior intensidade.
Este indicador não deve ser
confundido com a taxa de desemprego. Com efeito, não se trata da proporção da
população ativa que deseja emprego e não o encontra. Por outro lado, este
indicador reflete a evolução dos postos trabalho propriamente ditos e não a
alocação da mão-de-obra. Ambos os indicadores estão, obviamente, relacionados,
mas julgo que este retrata com maior exatidão a situação económica.
Devido a incompatibilidades
entre as competências oferecidas e procuradas no mercado trabalho – que podem
ser causadas, entre outras coisas, pelo progresso tecnológico – a taxa de
desemprego pode ser elevada e o número de postos de trabalho manter-se
inalterado.
O que o indicador escolhido
retrata não é isto. Ele diz que há menos postos de trabalho, o que significa
que há menos empresas ou empresas a produzir menos e, por sua vez, que há subemprego
de fatores produtivos. Consequentemente, o concelho não produz a riqueza que
deveria produzir.
Em apenas dois anos, de 2009 a 2011, o valor
acrescentado bruto das empresas não financeiras caiu mais de 13%, de 25 904 para
22 470 milhares de euros (Fonte: INE - Sistemas de Contas Integradas das
Empresas, através de pordata.pt).
De 2001 a 2011, a proporção de jovens
na população ativa barquense diminuiu 21%. Isto revela um envelhecimento brutal
da população e, em particular, da força de trabalho (Fonte: INE - X a XV
Recenseamentos Gerais da População, através de pordata.pt).
Comparando com os concelhos
vizinhos de Arcos de Valdevez e de Ponte de Lima, onde a queda demográfica foi
muito menos acentuada, daqui a uma geração e assumindo um PIB per capita igual nos três concelhos – um
pressuposto demasiado otimista, pois ambos os concelhos vizinhos têm
apresentado uma atividade económica superior – Ponte da Barca será cada vez
mais irrelevante no distrito.
Considero dois vetores
fundamentais ao desenvolvimento do concelho e que atacam os problemas que expus
acima: formação de capital humano e criação de incentivos à fixação de
empresas.
Sem profissionais com
educação superior, o concelho não conseguirá atrair empresas com grau
tecnológico suficiente e que necessitam de mão-de-obra qualificada. Quanto
maior o grau tecnológico, maior o valor acrescentado criado pela empresa.
A formação de capital humano
passa, também, pela formação dos empresários e comerciantes. Por exemplo, o
domínio do inglês. Isto pode ser feito sem aumentar os gastos públicos, rendibilizando
o pessoal camarário com formação para tal, como aqueles empregues nas
atividades extracurriculares das escolas. Só com formação é que os comerciantes
ficarão habilitados a, entre outras coisas, receber turistas estrangeiros ou a
promover-se fora de fronteiras. Todos somos agentes potenciadores do turismo na
forma como recebemos quem nos visita e os comerciantes estão na primeira linha
desse acolhimento.
Nos últimos 8 anos, o
endividamento do município quase duplicou. Sempre que este
se endivida e aumenta, agora ou no futuro, as taxas e os impostos municipais,
torna-se menos atrativo para empresas e famílias. É imperioso controlar o
endividamento para poder reduzir as taxas municipais.
Luís Sousa Sá
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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