quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Portugal será um país capaz de gerar mais e melhor emprego?

Tendo em conta os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), estes indicam que no último trimestre de 2012 a taxa de emprego desceu para os 50,3%. Recuando no tempo, encontramos uma taxa de emprego semelhante no final do ano de 1986. Com efeito, estes valores estão longe dos níveis de emprego verificados no início do século XXI, onde podemos averiguar que no final de 2002, i.e., a taxa de emprego chegou aos 59,2%. Estes resultados são o espelho das políticas de austeridade que têm vindo a ser seguidas e da consequente recessão económica, razões estas que estão também por detrás dos níveis elevados de desemprego, tendo em conta que a taxa de desemprego estimada para o segundo trimestre de 2013 foi de 16,4%.
 Devemos estar atentos também ao desemprego estrutural e de longo prazo, na medida em que estes têm crescido rapidamente. Além disso, o salário médio é baixo relativamente à média europeia e não tem vindo a convergir.
Naturalmente, no caso português, há vários pontos a serem tidos em conta como forma de gerar mais e melhor emprego. Por um lado, dois objetivos complementares: a criação de emprego e a redução de desemprego. Por outro lado, melhorar a produtividade, tendo como foco o crescimento futuro do nível real da população, e para isso é essencial continuar a batalha pelos recursos humanos, que é sem dúvida um fator fulcral para que, a médio e longo prazo, possamos aumentar o nosso crescimento potencial. Posto isto, e de forma a gerar mais e melhor emprego em Portugal, é indispensável pensarmos em três situações concretas, a primeira das quais se refere ao desemprego e a vulnerabilidade do emprego. Aqui, devemos ter em conta que o aumento dos níveis elevados de desemprego é o resultado imediato da recessão. Acresce ainda o facto que existe, no imediato, uma vulnerabilidade social mais abrangente, que resulta do tipo de qualificações e de emprego que predomina na economia nacional. A falta de qualificação é uma das origens do desemprego e da reduzida produtividade numa economia que se reestrutura sob o impacto da concorrência externa. Outros aspetos a ter em conta para a perda de emprego têm que ver com o tipo de vínculo contratual, reestruturação, deslocalização, como consequência do encerramento de empresas e dos custos associados ao desemprego, tais como custos com a segurança social, por via de diminuições de receitas dos descontos dos trabalhadores ou por via de gastos aumentados com a atribuição de subsídios de desemprego.
Perante a situação económica e social que Portugal atravessa e de acordo com os “entraves” acima mencionados para a criação de mais e melhor emprego, e tendo em conta também que Portugal depende muito da globalização, na medida em que um terço do emprego depende da procura externa e dois terços dependem da procura interna, a estratégia para o emprego e para a produtividade que, do meu ponto de vista, deveria ser adotada tem que ver com a concepção de novas atividades ou competências nos setores de bens transacionáveis e bens não transacionáveis. Quando falo de bens não transacionáveis refiro-me a serviços como educação, formação profissional e investigação cientifica. Retomando o que mencionei em cima, temos de continuar a batalhar nos recursos humanos, melhorando a qualidade nos mais diversificados setores, dando resposta a défices sociais e contribuindo para a modernização do nosso país!

Marta Diana Silva Fernandes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]

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