terça-feira, 22 de outubro de 2013

Jogo ´ON-LINE` regular ou não regular?

Desde 2009 que se mantém acesa a discussão sobre o regulamento do jogo on-line em Portugal, onde encontramos opiniões divergentes até entre “jogadores/apostadores profissionais”.
O governo quer alterar a lei do jogo on-line mas as opções são escassas: taxar depósitos/prémios, conceder licenças ou proibir as transferências para estes mesmos sites de jogo considerado ilegal pela lei portuguesa.
Do outro lado, estão os casinos off-line, legais, que detêm a exploração do jogo em exclusivo em Portugal, e que estão a perder clientes para o jogo on-line não regulamentado, que cresce exponencialmente desde 1998. Os dez casinos nacionais entregam cerca de 10 milhões por mês ao estado e só em 2012, estes mesmos, pagaram 184 milhões de euros às Finanças. De acordo com a APC (Associação Portuguesa dos Casinos), os casinos pagam cerca de 50% das suas receitas brutas em impostos  e cerca de 62% do orçamento do Turismo de Portugal provem dos casinos. Desde 2008, os casinos registaram perdas de receitas superiores a 113 milhões de euros, o que representou uma queda de 28% face a 2012.
No quadro europeu, o parlamento (PE) aprovou no dia 15 de Novembro de 2011 o Relatório Creutzmann, sendo o resultado da votação claro no sentido de recusar qualquer liberalização do jogo online, mas o essencial da regulamentação de jogos de fortuna ou azar é, desta forma, remetido para as legislações nacionais, tendo o PE reconhecido que os Estados-Membros têm o direito de impor medidas de combate ao jogo online ilegal e de excluírem o acesso ao seu mercado de operadores. Da deliberação do PE, a intervenção da União Europeia deverá apenas centrar-se no estudo de medidas que, a nível comunitário, possam proteger os consumidores vulneráveis, prevenir a dependência e combater os operadores ilegais.
As vantagens de regular este mercado são óbvias: milhões de euros a entrar nos cofres do estado que até agora se escapam para as empresas que albergam os sites de apostas sediadas em off-shores, paraísos fiscais onde o estado não tem qualquer poder. Mas será possível implementar um novo sistema de tributação a jogadores quando o código de IRS não está adaptado a esta nova realidade? Na minha opinião, será possível mas os custos de implementação serão bem mais elevados do que a receita obtida.

Frederico Pires

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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