Com Portugal numa intensa crise
económica, recorrendo ao financiamento do FMI, União Europeia e Banco Central
Europeu para sobreviver, a China avança a largo passo, fruindo das fendas
oferecidas pela crise nos países Europeus. Algumas empresas
Chinesas têm vindo a ocupar uma posição de destaque nos negócios portugueses,
com a compra de 21,35% da Energias de Portugal (EDP) e 25% da Rede Eléctrica
Nacional (REN), e também em outros países Europeus, com o aluguer de metade do porto do Pireu (Grécia) e a
compra da Volvo. Também a outros níveis o
investimento Chinês tem surtido efeitos positivos, nomeadamente, ao nível da investigação científica na área da saúde. Segundo Carla Oliveira, investigadora responsável por um projeto
dedicado ao campo da genómica, sem o financiamento Chinês esse projeto não
sobreviveria. O investimento da China na União
Europeia atingiu os $5,96 bilhões em 2010. Mas o percurso não se resume
a um só sentido, também na China o investimento Europeu tem vindo a aumentar
gradualmente, embora seja bastante menor, pois a
Europa tem o Know-How e a tecnologia
avançada e eles têm uma elevada capacidade de
financiamento. As empresas chinesas encontram poucas
barreiras no acesso aos nossos mercados, ao contrário da UE, que tem acesso
apenas a um mercado Chinês bastante restrito.
Em Portugal,
segundo a legislação, os estrangeiros que criarem pelo menos dez postos de
trabalho, efectuarem um depósito bancário superior a um milhão de euros ou
comprarem uma casa de pelo menos 500 mil euros têm direito à Autorização de
Residência para Actividades de Investimento, o chamado Golden Visa. O número de vistos atribuídos à comunidade chinesa em
Portugal tem vindo a crescer, possibilitando uma injeção de capital num país
onde existe uma enorme carência financeira ao nível empresarial. Mas, pelo
contrário, a crescente entrada da China no mercado português e a entrada de
produtos chineses a baixo preço, tem provocado desemprego nos mercados mais
fragilizados que não aguentam a elevada competição, como o sector têxtil.
Embora estes
investimentos sejam de extrema relevância e coloquem a Europa mais atrativa no
mercado mundial, esta situação poderá ser vista como um quid pro quo, pois espera-se o reconhecimento da contribuição da
China, nomeadamente, com uma significativa participação nas decisões
internacionais e com a abertura dos mercados europeus a mais investimento
chinês e mais oportunidades. Uma das grandes questões impostas neste atual
desenvolvimento passa pela previsão futura para a China, ou seja, será que o
império do meio está a ser suficientemente sagaz para sair inteiro de tudo
isto? Segundo os media oficiais
chineses, no segundo trimestre de 2013, o PIB da China apresentou uma
expansão de 7,5%, sendo a sua taxa mais baixa em 13 anos, indicando já um reflexo da queda nas exportações, resultado
do momento económico vivido nos Estados Unidos e União Europeia. Para fazer
face aos números apresentados, a China aposta num crescimento estável, mantendo
"uma política monetária prudente e uma política fiscal pró-ativa",
afirma o Partido Comunista Chinês.
Segundo Tian Guoli, Presidente do Banco da China, “Os
investidores chineses olharam na década passada para os Estados Unidos da
América e para o Japão, mas agora é a vez de haver mais cooperação com a
Europa, nomeadamente com Portugal e países do sul do
continente”. O maior País da Ásia Oriental foi outrora um grande parceiro
comercial da Europa, mas actuando sempre como figurante. Actualmente, a China
invadiu grande parte do mercado Europeu, passando a ter um poderoso papel de
protagonista e arrecadando o troféu de segunda
potência económica do planeta, ameaçando a médio prazo os Estados Unidos da
América.
Ana Soraia Dias de Sousa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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