Segundo os dados do INE, a estrutura da despesa
pública, por funções, para a proteção social, em 2010 é de 35%. Esta despesa é
direcionada a carenciados ou melhor deficitários que eventualmente no melhor
percurso de vida acusaram não só necessidades mas essencialmente ruturas entre
os obrigações para com a máquina do estado, não contribuindo, mas sendo apenas
recetores de quaisquer tipo de subsídios, não havendo controlo e pouca
supervisão dos funcionários cujas competências seriam a regulação sistemática
das situações e das necessidades familiares. Não pretendemos com isto ignorar
as sociedades em que vivemos hoje, tornando-nos mais individualistas e menos
solidários mas apenas que houvesse maior envolvimento e cruzamento de fatos,
para que algumas situações se tornassem mais transparentes. Este fato é tanto
mais importante quando sabemos que, para conseguirmos o PIB per capita,,, o divisor não é
o nº de trabalhadores mas toda a população do país. A produção terá então de
ser repartida por todos – trabalhadores, estudantes, crianças, idosos, desempregados
e outros incapacitados para o trabalho.
Na situação orçamental portuguesa, quando
analisada, teremos que considerar o critério utilizado, ou seja, as alterações
nas metodologias utilizadas, onde eventualmente se excluem ou incluem empresas
públicas, que depois de uma análise às mesmas, se justifique a sua
incorporação. DaÍ que, ao constatarmos, mediante a fonte da Eurostat e OCDE, a
dívida pública portuguesa em 2011, chega aos 107.8% do PIB. Um país onde existe
uma discrepância entre quem contribui e quem usufrui de apoio social, com uma
dívida pública elevada, onde os mercados perdem a confiança e aconselham ao não
investimento no nosso país, com elevado risco nesse investimento, e agora se
acrescentarmos a (in)sustentabilidade da segurança social?
Segundo alguns políticos, ideológicos e economistas,
as dúvidas são fundamentadas. Ou seja, a mecânica que existe no nosso país é
que os cidadãos descontem para a segurança social na fase da sua vida ativa,
para mais tarde terem o direito a um rendimento digno e distribuído de acordo
com o seu desconto. No entanto, o aumento da esperança de vida, assim como a
redução da taxa de natalidade, resultam numa sociedade envelhecida,
desequilibrando: os números que se referem a quem produz através do seu trabalho
e quem já reformado espera pela proteção do estado, para o qual colaborou,
enquanto cidadão ativo.
Neste desequilíbrio, torna-se urgente compensar o
número de indivíduos no ativo com o aumento de produção, através da utilização eficaz
de todos os recursos disponíveis. Não será porventura, o que o atual governo
pretende com o aumento do horário de trabalho para as 40 horas semanais? Mas
quanto a nós, essa eficácia será muito mais conseguida não com o aumento das
horas de trabalho mas através de uma maior qualificação dos trabalhadores,
aliada ao progresso tecnológico. De referir ainda que, se a discrepância entre
a taxa dos ativos e não ativos for muito elevada, não será o maior empenho e o
esforço acrescido que resolverão a situação. Outras estratégias terão que ser
feitas, podendo passar pelo domínio privado.
Irá então concretizar-se este desnível, “vamos ser
menos a trabalhar na futuro”? Será o fator demográfico determinante e
incontornável?
Alguns estudos do INE, prevêem que até 2030 a redução da população
ativa será de 3% relativamente a 2010, sendo que o período mais critico entre
2030 e 2050, chegando a uma população ativa em torno dos 44% em 2060, segundo a
previsão mais pessimista, fornecida pela ONU. De fato, esta população ativa
terá que suportar todos os cidadãos não ativos, não só os idosos. No entanto,
segundo alguns estudos, as consequências não podem ser extremas, ao ponto de
tornar o sistema de segurança social do nosso país insustentável, mas é antes
de mais uma questão da vontade das pessoas. Assim, o objetivo principal da
segurança social será garantir o sustento e um rendimento justo a quem já não
consegue trabalhar. Temos portanto que clarificar, definir estratégias e,
claramente, todos os cidadãos devem saber o que têm que “pagar”, para que, garantidamente,
mais tarde possam usufruir desse retorno.
Não será, claramente, um fato demográfico, já o
afirmamos anteriormente, referindo Ramos, Pedro Nogueira (2013). Uma demografia
adversa pode dificultar a situação mas não será determinante para a extinção do
sistema atual da segurança social, já que haverá um aumento da produtividade,
com um rendimento per capita superior
ao atual, havendo um aumento de idosos, mas em simultâneo uma diminuição dos
encargos com os jovens, determinada pela taxa de natalidade.
Espera-nos um Portugal peculiar, com
características muito próprias, mas que terá que, olhar-se com medo para os
números e corrigir as contas alterando por vezes as operações, para mudar os
resultados, mas sem deixar de ser um país assente em bases de solidariedade.
Maria João
Pires de Castro
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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