quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Desemprego nos Jovens licenciados

A escolha da profissão é um dos desafios pessoais mais importantes com que nos defrontamos na vida. É um processo de pesquisa e decisão que se inicia na adolescência e se prolonga ao longo da vida, em função de factores e variáveis nem sempre controláveis. Muitas das escolhas dos jovens resultam da falta de informação sobre as profissões ou de estereótipos sociais que se alteram constantemente. Em Portugal, o elevado número de jovens licenciados que começaram a não conseguir emprego resulta da conjugação de factores sociais que incentivaram os jovens a considerar que a obtenção de um grau superior constituía uma garantia de emprego. Mas será que vale a pena ingressar no ensino superior?
Nos últimos anos, a situação dos jovens licenciados tornou-se cada vez mais preocupante e o desespero instalou-se. Milhares destes jovens foram forçados a enveredar por profissões de recurso que nada têm a ver com as qualificações adquiridas, enquanto muitos outros milhares vegetam na esperança de uma improvável oportunidade.
O desemprego em Portugal subiu em todas as faixas etárias e em todos os níveis de escolaridade, contudo, entre licenciados, disparou 37% em 12 meses.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou no final de Março de 2012 que existiam 154 mil jovens, com idades compreendidas entre 15 e 24 anos, sem trabalho, o que significa uma taxa de desemprego de 36,2%, um valor recorde. Segundo dados apresentados pela mesma fonte, é de notar que no último ano o desemprego jovem aumentou 24,6% em Portugal. É contudo entre os 26 e 34 anos que o desemprego faz mais vítimas: em Março de 2012, eram 225,7 mil os portugueses nesta faixa etária fora do mercado de trabalho.
Por sua vez, se olharmos ao nível da escolaridade, o desemprego também cresceu em todas as frentes, destacando-se a subida de 37% num ano no número de licenciados sem trabalho. A taxa entre quem completou o secundário e pós-secundário disparou 43,5% nos 12 meses findos de Março de 2012.
Todavia, a taxa de desemprego entre os jovens em Portugal continua a agravar-se cada vez mais e chegou no primeiro trimestre deste ano aos 42,1%, afectando 165,9 mil pessoas, entre os 15 e os 24 anos. Registou-se assim uma subida, quando comparamos com o primeiro trimestre de 2012, em que a taxa de desemprego nesta faixa etária era de 36,2% e no quarto trimestre era de 40%.
De acordo com dados divulgados em Maio deste ano pelo INE, a taxa de desemprego subiu em Portugal para o nível mais alto de sempre, atingindo os 17,7% no primeiro trimestre, face aos 16,9% observados no trimestre anterior, com o número de desempregados em Portugal a ultrapassar os 950 mil. A taxa de desemprego aumentou, assim, em termos trimestrais 0,8 pontos percentuais e 2,8 pontos percentuais face ao período homólogo.
Paulo Azevedo, presidente executivo da Sonae SGPS, desdramatizou esta situação e, em Novembro do ano passado, definiu o problema dos jovens licenciados emigrarem como um simples facto de que eles “vão aprender lá fora e a maioria vai voltar”. Para o presidente executivo da Sonae SGPS, “É melhor trabalharem no estrangeiro do que estarem desempregados. Obviamente que a situação que está na base disso é negativa, não há saídas de emprego suficientes, mas as pessoas também vão aprender lá fora e a maioria delas vai voltar, as coisas hão-de dar a volta”, considerou o gestor em declarações à agência Lusa. Na sua opinião, a saída dos jovens licenciados resulta de uma situação conjuntural, decorrente da “situação económica negativa” do país, e não de um “desajuste entre a oferta e a procura”, como já aconteceu no passado ano de 2011. Acrescenta ainda que “Muitas das pessoas que estão a sair agora – como engenheiros e técnicos – são as profissões que estão a ser procuradas lá fora e que deveriam estar a ser procuradas cá, se o país estivesse com outro desempenho económico”, sustentou Paulo Azevedo.
Apesar de todo este panorama e sabendo que estamos perante uma das gerações mais qualificadas de sempre, mas também das mais sacrificadas, penso que ingressar num curso superior é sempre uma mais valia para os jovens, pois o país precisa de gente instruída e especializada e só estes poderão fazê-lo evoluir. O saber não ocupa lugar, poderia ser um dos lemas de vida, e, portanto, apesar das elevadas taxas de desemprego jovem com que nos deparamos, sou da opinião que o facto de possuirmos um curso superior nos abrirá um leque mais alargado de oportunidades. E se o futuro for “lá fora”, pois que seja, com muita pena minha…

Maria Clara Antunes Lobo Martins

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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