quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Europa vs EUA: competitividade económica da mão-de-obra

          A criação de uma união no nosso continente, como a União Europeia, teve sempre em vista a obtenção de vantagens competitivas a nível económico, social e institucional apresentadas nos Estados Unidos da América. Visto o grande desempenho e sucesso gerado por esta grande potência mundial com o seu padrão geográfico e social, a Europa tenta aproximar-se desta vertente através dos vários planos para uma melhor e mais aprofundada integração dos países-membros, dando resposta a melhor competitividade criada pelos EUA com o conjunto de todos os seus 50 estados organizados de uma melhor forma.
            A UE sofre de várias dificuldades que os EUA não sofrem tão afincadamente, tais como as desigualdades económicas e sociais entre os vários países membros da União, divergências ideológicas e politicas acentuadas, entre outras. Mas, sobretudo, na minha opinião, as maiores dificuldades que a Europa apresenta relativamente ao continente norte-americano é a acentuada diferença de idiomas existente e a “já muito combatida” livre mobilidade da mão-de-obra.
            A mobilidade do factor trabalho não é uma dificuldade por ser livre, mas sim porque nunca chegou, nem nunca chegará a ser completamente livre entre os países europeus, por muito que estes lutem por isso. Desde já, uma grande barreira à concretização desse desejo é o facto, antes mencionado, da diferença a nível de idioma dada na nossa união que não permite aos trabalhadores deslocarem-se com uma maior à vontade imediata para outro país diferente ou desempenhar acertadamente as suas funções no seu trabalho dado esse obstáculo, criando assim uma grande dificuldade de adaptação em todos os locais.
            A diferença dos salários mínimos entre os países-membros da UE torna a mobilidade de mão-de-obra menos frequente dada ser uma discrepância elevada, como, por exemplo, países com salários mínimos mais baixos não conseguem atrair mão-de-obra menos especializada, permitindo, assim, aos Estados mais ricos beneficiarem de uma melhor selecção e elevando da mesma forma as assimetrias verificadas dentro da União Europeia.
            Contudo, nos Estados Unidos, verifica-se também assimetrias a nível salarial entre os seus estados, mas sendo organizados, de uma forma geral, por uma entidade federal superior que proporciona uma maior igualdade entre todos e que defende os interesses de um único cidadão, o cidadão norte-americano, essas assimetrias não se verificam tanto como na União Europeia, em que a entidade superior tem de atender a um interesse múltiplo, o dos cidadãos das várias nações membros deste organismo.
            No âmbito do desemprego, na UE os trabalhadores sofrem de um menor apoio a nível comunitário para o combate a este grave problema da sociedade, onde se pode verificar que, em média, a taxa de desemprego nos últimos 10 anos varia entre 7% e 10,4% (pordata). No entanto, nos Estados Unidos da América, o mínimo desta taxa é de 4,5%, aproximadamente, e o máximo não chega a 10%. Observadas estas estatísticas, não podemos tirar claras conclusões mas podemos verificar que a UE se encontra mais vulnerável relativamente a esta situação, o que afecta a competitividade da sua mão-de-obra e com isso uma atracção de mais investimento vindo de terceiros.
            Para além destas desvantagens que a Europa detém, os Estados Unidos encontram-se de momento a ficar com uma mão-de-obra mais barata, o que atrai um grande número de empresas internacionais a procurarem os seus serviços no seu território, fornecendo assim um maior número de postos de trabalho para a população norte-americana. Apesar de ficar mais barata, a mão-de-obra americana, esta carece de alguma especialização nestes últimos anos.
            Agravando esta situação, a desvalorização do dólar americano não beneficia de maneira nenhuma a posição da Europa no âmbito da competitividade económica com os EUA.
            Para solucionar o facto da falta de competitividade da mão-de-obra da UE, precisamente a mobilidade “imperfeita” do capital humano, penso que deviam ser tomadas medidas mais aprofundadas em termos de formação profissional e de integração nos vários territórios europeus de forma mais antecipada, proporcionando uma melhor adaptação e melhor competitividade da mão-de-obra. Para além disso, é necessário fomentar o interesse dos países com menores possibilidades em termos salariais.

Alexandre Barbosa Costa 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Sem comentários: