quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Reformas na educação? Sim, por favor

Quando nos apercebemos que a taxa de desemprego jovem em Portugal é das mais altas da união europeia e sabendo que somos um país com uma população muito envelhecida, começamos a preocupar-nos com o futuro, e com o que será das próximas gerações deste país. É fácil perceber que algo está mal. Resta saber o quê…
A maioria das pessoas tem na ideia que em Portugal de nada serve tirar um curso superior, que o mercado de trabalho está lotado, e que o mais importante é fazer-se à vida o mais depressa possível, arranjando trabalho e descurando todas as competências que um jovem pode obter durante o percurso académico que interrompe para ganhar “uns trocos”. Pois, para que se saiba Portugal, é dos países da Europa que tem menos pessoas com o ensino superior ou secundário concluído, sendo que em 2007 apenas 30% da população Portuguesa entre os 25 e os 64 anos tinha algum destes graus académicos completo! Mas então algo se passa: o estereótipo do licenciado atrás de uma caixa de supermercado, ou de bandeja na mão a servir cafés é cada vez mais frequente, e isto porquê? Por causa da falta de investimento na educação ou, pelo menos, de bom investimento… Desde cursos lotados até outros em que nem se preenche 10% das vagas existentes, os erros são demasiados.
O País tem que se adaptar às situações existentes: há certas instituições no país que a percentagem de emprego dos recém-licenciados é, ano após ano, a mesma… 0! Deve-se melhorar o plano do curso, melhorar as competências com que os alunos acabam a licenciatura, criar protocolos para estes mostrarem que afinal certo curso na universidade “X” desenvolve profissionais competentes! Este problema não é só do governo, mas também dos alunos que são muito levianos a tomar uma das decisões mais importantes das suas vidas, não pensando muitas vezes nos prós e nos contras de entrar em determinado curso, em determinada instituição, querendo apenas ter um diploma que muito provavelmente não usará…
Esta décalage é como uma bola de neve, começa aqui um problema que Portugal não tem conseguido combater: a competitividade…
Se a maioria dos jovens que estudaram 3/5 anos (alguns mais) para determinado mercado de trabalho vêem-se obrigados pelas condições existentes a ir para outro completamente diferente, é natural que a sua produtividade seja baixa, já para não falar da frustração inerente a esta situação, que provoca uma redução na sua autoconfiança e consequentemente a sua produção. Do outro lado estão aqueles cursos para onde ninguém quer ir, ou porque só existe em universidades longe de casa, ou porque o passo entre o final do curso e o 1º emprego é gigante (e aqui a culpa é de quem manda), mas de que Portugal precisa realmente para se desenvolver e para poder competir com o resto dos países da União Europeia. Neste caso, e por não haver profissionais com competências, procura-se um jovem com menos qualificações, e que até sai mais barato. Dá-se um curso do género das novas oportunidades e em 3 meses fica a fazer um trabalho de um licenciado. Será que a nível de produtividade há diferenças? Salvo raras exceções, onde realmente tirar um curso e não tirar é quase igual (mais uma vez a culpa é de quem manda), a diferença na produção e consequentemente na competitividade do país é enorme!
Já ficou provado que a competitividade não aumenta cortando nos salários de quem trabalha. Talvez seja hora de olharem um bocadinho para o nosso país, para todo o potencial que ele tem e adaptarem-se às necessidades, criando mais Instituições, e mais espalhadas pelo país, algumas mais especializadas, consoante as necessidades da região, e talvez assim se consiga produzir mais e melhor! Talvez assim não seja preciso emigrar, e mandar pessoas competentes para outros países apenas porque o curso que tiraram estava na “moda” e concorreram para um emprego onde a vaga já estava reservada para o filho de alguém importante.
Chega de hipocrisia e de interesses. Neste momento delicado é necessário apostar em gente com valor, com competências, que podem reerguer o nosso país e que apenas precisam de melhorias na formação e de uma ligação mais estreita entre as universidades e o emprego desejado! Não é assim tão difícil, pois não?

Gustavo Alexandre Gomes Lima

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Sem comentários: