sábado, 26 de outubro de 2013

Portugal Europeu

A sociedade portuguesa enfrenta uma profunda crise, que vai muito para além da crise financeira do Estado português. A crise é questionada pelas dificuldades de compatibilização entre o aprofundamento e o alargamento da União Europeia, no novo contexto gerado pela introdução da moeda única e pela integração dos Estados-membros da Europa Central e Oriental. 
A 1 de Janeiro de 1986 ocorreu a adesão de Portugal à CEE. Tal adesão é uma das consequências do 25 de Abril de 1974 e das subsequentes alterações que esta revolução provocou nos aspetos económicos, político e social. Assim, entre 1986 e 1992, o nível do PIB per capita em Portugal subiu de 65% para 79% e de 79% para 81% entre 1993 e 2010, segundo a AMECO. A convergência do nível de vida dos portugueses com o padrão europeu concentrou-se no período entre 1986 e 1992, com o choque inicial positivo da adesão à União Europeia. A manutenção deste ritmo inicial de convergência teria permitido Portugal ter igualado a média da UE27 logo por volta do ano 2000. 
O cumprimento dos requisitos para aderir ao euro veio condicionar o processo de convergência do país, que teve de abdicar da sua política monetária e cambial. Portugal não foi capaz de aproveitar as condições económicas favoráveis. Segundo os dados da AMECO, o processo de convergência português foi menos acentuado na criação de riqueza do que no consumo: assim, desde 1986, o consumo per capita foi sempre superior ao PIB per capita. Em relação à posição de Portugal na União Europeia, entre 1993 e 2010, a estagnação económica baixou Portugal para a 18º posição na UE27. Em 2010, o nível de vida nacional aproximou-se mais dos países do Alargamento do que dos parceiros iniciais da coesão (Grécia, Espanha e Irlanda).
Assim, hoje põem-se problemas da concretização da União Económica Europeia e Monetária, o que obriga Portugal a ter um desenvolvimento económico superior ao dos outros países da comunidade, para que não se mantenha este desnível e possa cumprir os objetivos de desenvolvimento da União Europeia.

Anabela Coelho Marinho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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