Na maioria dos países a crise económica foi
desencadeada pela concessão de empréstimos a pessoas que davam poucas garantias
de pagamento. Assim, em Agosto de 2007, uma crise económica iniciou-se nos EUA,
com quedas bastantes acentuadas nos mercados imobiliários (sobretudo dos
designados empréstimos subprime –
hipotecas de maior risco). O facto de muitas instituições financeiras estarem
fortemente interligadas com activos provenientes dos EUA, fez com que a crise
financeira rapidamente se espalhasse, e contagiou vários países europeus, num
curto período de tempo. Assim, atualmente a questão do sobre-endividamento das
famílias portuguesas tem vindo a agravar-se de forma bastante significativa, em
grande parte devido ao período de estagnação e falta de dinamismo da Economia
Portuguesa.
Consequentemente, o facto de os indivíduos
quererem consumir cada vez mais, associado à falta de hábitos de poupança, bem
como ao marketing das instituições financeiras para créditos bastante
apelativos, os designados “créditos fáceis”, são os principais fatores que
contribuíram para a situação atual de endividamento das famílias. Assim, é
preciso mudar de mentalidades, porque muitos dos indivíduos que têm mais de
três ou quatro créditos, preferem vivem num mundo de falsas aparências, (muitas
vezes adquirindo ainda mais créditos), de forma a mostrar aos outros que “têm
tudo do bom e melhor”, do que enfrentar a realidade de que não irão conseguir
cumprir os seus compromissos, e consequentemente irão entrar em incumprimento.
Não quero com isto afirmar que recorrer ao
crédito é uma má opção, apenas importa realçar que as famílias devem ter
consciência que se deve fazer um consumo moderado, recorrendo apenas a um crédito,
por exemplo para a habitação, de forma a poderem ter as condições mínimas para
viver e evitando assim o espírito consumista. Uma vez que é necessário ter em
conta que na vida, por vezes, surgem imprevistos que afetam o nosso rendimento,
e os quais não podemos controlar, como é o caso de doenças, mortes, acidentes,
desemprego, entre outros. Porém, alguns destes fatores têm uma maior
probabilidade de ocorrer, como é o caso do desemprego, devido ao contexto
económico adverso de deterioração das condições do mercado de trabalho, ou seja
da redução do rendimento disponível.
Para contornar estas situações é preciso promover
medidas de forma a incentivar as famílias a aumentarem as suas taxas de
poupança, uma vez que em Junho de 2011, de acordo com o Banco de Portugal esta
taxa situava-se em 8,9%, valor inferior ao registado em 2009 de 10,9%. Portanto,
o governo também deverá implementar medidas de forma a tentar evitar estas
situações, tais como aumentar a “flexibilidade” das negociações dos créditos
entre as instituições bancárias e os consumidores que estejam em incumprimento,
por exemplo alargando ainda mais os prazos de pagamento. Por outro lado, também
deveria impor regras ao sistema bancário para que este não recorra à chamada
ilusão de créditos com baixas taxas de juros, sendo que as instituições
bancários também devem ter como preocupação alertar os consumidores para os
verdadeiros riscos do incumprimento, bem como para as suas implicações
judiciais.
Concluindo, atualmente devido ao contexto
macroeconómico bastante desfavorável, com aumentos da taxa de desemprego a
atingirem máximos históricos, cerca de 15,9% em Agosto de 2012, e devido ao
ajustamento que está a decorrer na Economia Portuguesa, o acesso a novos
créditos para famílias portuguesas praticamente está estagnado, uma vez que
Portugal tem uma das maiores taxas de endividamento da zona euro. Assim, para
evitar estas altas taxas de endividamento é preciso adoptar medidas para
contrariar estes mesmos efeitos no futuro.
Valentina
Maria Sousa Cerqueira Lima
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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