Nas
épocas de crise verifica-se um aumento do fluxo emigratório e o que tem
sucedido em Portugal não tem sido exceção.
Com
o passar dos anos, o perfil do português que emigra tem sofrido alterações. Nas
décadas de 60 e 70 eram os trabalhadores com poucas qualificações que
emigravam. Os países de eleição eram a França, Alemanha, entre outros, pois
nestes países a carência de mão-de-obra era elevada. Em Portugal, as
adversidades eram muitas e a emigração também era vista como uma fuga às
guerras coloniais. Atualmente, assiste-se a um novo tipo de emigração. O número
de jovens na casa dos 20 e 30 anos licenciados, ou com outra formação
especializada, que saem do país à procura de um futuro melhor tem aumentado
substancialmente. Estes estão espalhados um pouco por todo o mundo, sendo o
Reino Unido, Angola, Suíça e Suécia alguns dos países que mais recebem jovens emigrantes
portugueses.
A
atual crise financeira contribui para o agravamento deste fenómeno, uma vez que
as expectativas de se encontrar um emprego na própria área de formação, que
seja estável e com boas condições, é cada vez mais uma realidade impossível de
alcançar em Portugal.
Além da oferta de emprego ser muito limitada para tanta
procura, as condições de trabalho são cada vez menos atrativas. Os salários
oferecidos normalmente são baixos, existem poucas ou nenhumas regalias, os
impostos são cada vez mais elevados e muitas vezes, em vez de contratados, os
jovens licenciados trabalham a recibos verdes. Estas condições de trabalho
fazem com que a estabilidade financeira e mesmo emocional seja difícil de
alcançar.
Na
maioria dos casos, os jovens licenciados recorrem à emigração como último
recurso. Sendo esta a única alternativa possível para que consigam alcançar
alguma independência.
O
próprio Governo Português não consegue transmitir uma ideia de grande esperança
para os jovens. E esta ideia ficou bem patente nas recentes declarações do
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, quando este apresentou a emigração dos
jovens portugueses como uma boa alternativa ao desemprego observado em Portugal. Estamos
perante um novo tipo de exportação, a exportação de mão-de-obra altamente
qualificada. Quem mais lucra com isto são os países que, sem qualquer tipo de
investimento, estão a absorver todo o conhecimento produzido em
Portugal. Resta saber se emigrar será mesmo a única
alternativa plausível para os jovens do nosso país e, a longo prazo, qual será
a fatura a pagar.
Filipa
Dias
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